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2ª Mostra Cinemas do Brasil exibe o documentário 'Cinelândia Capixaba'

2ª Mostra Cinemas do Brasil exibe o documentário "Cinelândia Capixaba"

O filme, que retrata a época de ouro dos cinemas de rua da Grande Vitória, pode ser visto gratuitamente no site do festival até o fim do ano

Publicado em 20 de dezembro de 2020 às 15:00

Cena do documentário
Cena do documentário "Cinelândia Capixaba", de Bruno Lima Crédito: Reprodução/YouTube

Quem já passou dos 40 anos, lembra as enormes filas em frente ao antigo Cine Glória, na Praça Costa Pereira, em Vitória, frequentadas por um público ávido por comprar um (disputado) ingresso para assistir clássicos como "E.T - O Extraterrestre" (1982) ou mesmo "Ghost: Do Outro Lado da Vida" (1990). 

O filme estrelado por Patrick Swayze, Demi Moore e Whoopi Goldberg, foi o último sucesso do espaço, que encerrou suas atividades no início da década de 1990 ao "perder" a batalha para a expansão dos shoppings e seus complexos exibidores.

Esse sentimento de nostalgia permeia a memória de quem assiste ao documentário "Cinelândia Capixaba", de Bruno Lima. O filme está em cartaz na 2ª Mostra Cinemas do Brasil - No Mundo, que acontece em formato virtual até 31 de dezembro. O encontro, que conta com 47 produções sobre cinemas de rua, terá exibições gratuitas, podendo ser conferidas na página do evento

A programação traz 41 curtas, cinco longas-metragens e uma websérie, distribuídos em nove programas: "Mulheres Gravando!", "Cinemas de Rua em Tempos de pandemia", "Cinemas do Interior", "É Fazendo que se Aprende", "Personagem de Cinema", "Cinema de Rua Porque Te Quero", "Mais Tempo na Poltrona", "Cinemas de Rua em Série" e "Quando a Sala de Projeção Vira Personagem", este último com filmes da mostra anterior.

Produzido em 2014, como resultado de um curso de oficinas do Recine - Festival Internacional de Cinema de Arquivo, "Cinelândia Capixaba" aposta em um resgate de memória afetiva para "radiografar" cinéfilos que viveram o auge das salas de exibição do Centro da Capital, especialmente das décadas de 1950 a 1980.  

Entre namoros, beijos escondidos e emoções genuínas, ao assistir clássicos da Sétima Arte, como "Casablanca", os personagens do documentário também mostram melancolia, especialmente na hora de abordar o fechamento desses espaços, no início dos anos 1990.

"Optei por pessoas que possuem uma forte ligação afetiva com essa época de ouro. Minha ideia sempre foi mostrar o impacto do cinema no cotidiano da Grande Vitória. O cinema de rua ainda possui um caráter mágico para o cinéfilo, que até hoje lamenta o fechamento desses espaços e a sua desvalorização", defende Bruno Lima, que, para fazer o projeto, teve como base publicações do site “Blog Salas de Cinema do ES”, um inventário iconográfico contendo histórias das salas do Estado, de autoria de André Malverdes, professor do Departamento de Arquivologia da UFES. 

NOSTALGIA

Entre os depoimentos de "Cinelândia", um chama atenção. Tião Izidoro, que trabalhou como projecionista em um cinema do centro de Vitória, relembra com saudade de um tempo de muito trabalho, especialmente na época da exibição de "Os Dez Mandamentos", e lamenta o encerramento das atividades desses espaços. "O medo da violência dos grandes centros afastou as pessoas", diz, em tom de tristeza.

"O filme também tenta fazer uma análise sobre a reconfiguração social por que passam as grandes cidades. Estamos vivendo em uma Era de Urbanismo, que preserva grandes centros comerciais, como os Shopping Centers. As ruas - por vários fatores - foram deixando de ser o 'lugar-comum' de lazer e vivência das famílias", assinala Bruno Lima, que, com 35 anos, não chegou a frequentar os cinemas de rua relatados em seu filme. "Sou da geração que não teve oportunidade de sentir essa emoção", lamenta, com um pingo de nostalgia e saudade de uma época que não viveu.

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