Publicado em 11 de novembro de 2020 às 15:26
Filmes-catástrofe formam um filão forte no cinema desde os anos 1970, quando "Terremoto" e "Inferno na Torre" estouraram as bilheterias. Depois de um bom tempo sem nenhum exemplar notável, com filmes até bem ruins como "2012", surge no meio da pandemia um dos melhores a seguir essa fórmula. >
O título no Brasil é um tanto longo e infeliz, "Destruição Final: O Último Refúgio". O título original é "Greenland", ou Groenlândia, em inglês. Pondo a Terra em perigo real e imediato com a aproximação de um cometa gigante, o roteiro é inteligente e esperto o suficiente para criar entretenimento de primeira.>
Nos últimos tempos, esse tipo de filme tem exibido elenco encabeçado por fortões do cinema de ação, como Dwayne "The Rock" Johnson ou Arnold Schwarzenegger. Desta vez, o papel principal está com Gerard Butler. Mesmo tendo conquistado fama empunhando espada em "300", ele tem menos músculos e mais talento dramático.>
Há uma química muito forte entre Butler e Morena Baccarin, atriz nascida no Brasil e radicada em Hollywood, conhecida de "Deadpool" e da série "Homeland". Além de ser muito bonita, ela convence bastante em situações de angústia e medo. E cenas angustiantes não faltam em "Destruição Final".>
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Baccarin e Butler interpretam o casal Allison e John Garrity, que vivem o início de um processo de separação. O complicador é o filho de sete anos, Nathan. Enquanto os pais brigam, o garoto está entusiasmado com o cometa Clarke, o grande assunto comentado em todo o mundo. É um cometa que deve passar mais próximo da Terra do que qualquer outro na história da humanidade.>
Mas os cálculos dos astrônomos se revelam completamente equivocados, Clarke, que na verdade é uma gigantesca nuvem de meteoros de vários tamanhos, vai cair direto no planeta. O governo americano então convoca vários profissionais e suas famílias para irem até bases militares. Então vão ser levados de aviões até abrigos nucleares em destino ignorado.>
A seleção contempla pessoas essenciais para uma possível reconstrução das cidades que possam ser atingidas. John, que é um engenheiro civil de grande sucesso, construindo arranha-céus em Atlanta, é um dos convocados. Deve pegar sua mulher e seu filho, e mais ninguém, e se dirigir a uma base militar a alguns quilômetros de casa.>
A tensão já começa aí, quando os vizinhos se revoltam ao perceberem que não foram convocados para essa operação de sobrevivência. Depois de algumas atribulações, a família chega à base militar, e tudo começa a dar muito errado.>
Numa tremenda confusão, John acaba se separando de Allison e Nathan. Precisa encontrar novamente sua mulher e seu filho, e as coisas se complicam quando o garoto é sequestrado, com sua mãe deixada no meio de uma estrada.>
Enquanto isso, as grandes pedras espaciais começam a cair e a destruir a Terra. As ondas de impacto são sentidas a milhares de quilômetros de distância, arrasando cidades inteiras em cenas de grande plasticidade.>
As peripécias de John, Allison e Nathan são entrelaçadas com muita criatividade e emoção. Algumas cenas são de grudar o espectador na poltrona de cinema.>
Talvez o melhor de "Destruição Final" seja a ausência de qualquer comportamento arriscado e pouco plausível de seus personagens. Em nenhum momento John assume uma figura meio James Bond ou Indiana Jones, executando feitos inacreditáveis.>
A família é formada por pessoas comuns tentando fugir do fim do mundo, sem nenhum ato de heroísmo -só uma fuga desesperada, que é bem sustentada nas cenas de ação até o desfecho.>
O diretor Ric Roman Waugh, ex-dublê que já tinha dirigido Butler em "Invasão ao Serviço Secreto", mostra a boa mão para filmes de ação.>
Mas o grande mérito é mesmo do roteirista Chris Sparling, que escreveu em 2012 o ótimo "Enterrado Vivo", com Ryan Reynolds. Ele conseguiu inserir uma dose enorme de criatividade num gênero que parecia esgotado.>
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