
O usuário de plano de saúde paga por serviços que certamente prefere nunca ter que usar. É uma contradição, que deixa tudo ainda mais complicado por ser um dinheiro que pesa tanto no bolso, comprometendo o orçamento das famílias e afetando também a saúde financeira das empresas.
Os planos de saúde individuais e familiares tiveram recentemente reajuste anual de 6,06%, enquanto os percentuais dos planos coletivos, que correspondem atualmente a mais de 70% dos usuários do país, são definidos em negociações das próprias operadoras.
Uma análise do Instituto de Estudos de Políticas de Saúde (Ieps) divulgada neste domingo pelo jornal O Globo deu uma dimensão ampliada desse impacto financeiro. A alta acumulada dos planos de saúde entre 2006 e 2024 chegou a 327%, enquanto o índice de inflação no mesmo período, medida pelo IPCA, foi de 170%.
Na reportagem, operadoras e Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reforçam que os preços se relacionam também com a frequência do uso pelos usuários, o que permite a lógica simples: a melhor estratégia para fugir dos custos elevados é prevenir as doenças, com ações individuais, mas organizadas, que tenham de fato impacto estrutural.
Tanto para as empresas, que atualmente já chegam a comprometer 15% da folha de pagamento com planos de saúde, quanto para as próprias pessoas é a saída mais inteligente.
E não é possível prevenir enfermidades apenas apertando um botão: investimentos são necessários, e eles serão revertidos em economia com acionamentos do plano e também com tratamentos e afastamentos de funcionários. Dentro e fora da empresa, os funcionários precisam ser estimulados a adotarem escolhas mais saudáveis de vida, da alimentação à prática de exercícios físicos, passando pela saúde mental. Campanhas de vacinação, acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e realização de check-ups devem estar dentro de programas que tenham periodicidade e engajamento dos funcionários.
Saúde preventiva é algo que sai mais barato em todos os aspectos, com impactos na produtividade e nos custos para as empresas. Os funcionários também reduzem os gastos nos planos participativos. E, mais importante, é conseguir se manter saudável, com plena capacidade produtiva, sem deixar de aproveitar também a vida fora do ambiente de trabalho.
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