Pipas em Camburi: opção de lazer deixa de ser legal ao colocar pessoas em risco

Centenas de pessoas se reúnem às terças para soltar pipa na região perto do segundo píer, uma diversão que movimenta a praia, mas exige responsabilidade. Na semana passada, um motoboy sofreu um acidente

Publicado em 29/08/2022 às 02h00
Vitória
Soltadores de pipa se reúnem na Praia de Camburi. Crédito: Vitor Jubini

Ao longo de 2022, as noites de terça-feira ficaram mais coloridas na Praia de Camburi, em Vitória, na altura do segundo píer, quando crianças, jovens e adultos passaram a fazer do local um novo "point" das pipas. Quem costuma caminhar, correr ou pedalar no calçadão pôde constatar um crescimento visível de praticantes nesse período, levando uma bem-vinda movimentação à orla, mas também preocupação com a segurança.

Isso porque, mesmo proibidos por lei municipal, o cerol e as linhas cortantes continuam sendo utilizados por muitos adeptos. Na última terça-feira (23), um motoboy que trafegava pela Av. Dante Michelini foi atingido por uma pipa e só não se feriu de forma grave porque usava capa de gola alta e capacete, mas teve prejuízo com as avarias causadas na moto, após a queda. Um susto que poderia ter tido um desfecho bem pior.

Não há informações sobre outros acidentes, mas, dependendo da direção dos ventos, quem passa pelo calçadão vez ou outra precisa se desviar das pipas. Como não dá para saber quais linhas são ou não cortantes, as pessoas acabam se assustando. Assim, uma prática de lazer que poderia ser benéfica aos participantes e a quem assiste às performances torna-se um problema.

A Prefeitura de Vitória informou que, por se tratar de um evento ao ar livre, não é necessária uma autorização municipal para ser realizado. “Para organizar a atividade e garantir o bem-estar e a segurança dos presentes, a Sedec e a Guarda Municipal já realizaram ação integrada de orientação em relação à proibição de utilização e venda de materiais cortantes", destacou em nota.

Contudo, em reportagem deste jornal publicada no fim de julho, um dos praticantes disse sem pudores que fazia uso da substância cortante. “É ilegal, mas aqui, por enquanto, está legal para a rapaziada”. Por outro lado, na mesma matéria, outro empinador de pipa mais consciente condenou a prática dos colegas de hobby.  “Os principais cuidados que a gente toma são: respeitar as pessoas que caminham na orla, os ciclistas e a via pública. É preciso evitar acidentes com a linha. Para mim, a vida vem em primeiro lugar. Quando as pessoas soltam pipa conscientemente, não atrapalham ninguém”, disse.

A festa das pipas na praia é uma opção de lazer democrática, para todas as classes e idades. A administração municipal deve se fazer presente para garantir o ordenamento, com uma fiscalização mais efetiva quanto às linhas cortantes ilegais e  com orientações que evitem acidentes na rede elétrica, que podem ser fatais.

De forma alguma, a diversão precisa acabar. Pelo contrário, em tempos de tantas dificuldades, as pessoas têm direito ao lazer.  Para que o encontro de pipas na praia continue sem percalços, cabe também aos próprios participantes denunciar aqueles que cometem abusos e desrespeitam a lei. Pipa com cerol não é brincadeira e pode matar.

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