5G chega a Vitória. E o INSS cancela perícias por falta de internet no mesmo dia

Trata-se de uma infeliz coincidência, que serve para mostrar como a instabilidade dos serviços de internet no Brasil persiste e prejudica o cidadão. Mas o problema não é só esse

Publicado em 22/08/2022 às 17h08
INSS
Segurados aguardam atendimento do lado de fora do INSS, em Vitória. Crédito: Ludson Nobre

Foi nesta segunda-feira (22) que a cidade de Vitória ingressou no futuro da internet móvel, o aguardado 5G. Um futuro ainda incipiente, é verdade, mas cercado de expectativas pelas possibilidades que se abrirão com a altíssima velocidade, com menor atraso e mais estabilidade na transmissão de dados. A automação deve dar importantes saltos.

Paradoxalmente, nesta mesma data, os atendimentos de perícia agendados na agência do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) da Capital tiveram de ser cancelados porque o sistema estava fora do ar.  O próprio órgão informou que a internet apresentou instabilidade, o que inviabilizou as consultas.  Os prejudicados são ironicamente aqueles chamados de beneficiários, entre eles pessoas que não recebem salários há meses, por precisarem de um laudo. Um atendimento de urgência negligenciado por uma falha na infraestrutura.

Na manhã fria desta segunda-feira (22), Viviane Pereira acordou às 4h da manhã, vinda de Santa Teresa, para receber atendimento às 8h30 em Vitória. Sem atendimento, teve de esperar até 14h20 para voltar para casa. Eliana Campos veio de ambulância, de São Gabriel da Palha, acompanhando o marido que precisa receber oxigênio. Também deu com a cara na porta, em um deslocamento inútil. Uma falta de respeito com pessoas que contribuíram com a previdência por toda a vida para não ficarem desamparadas em momentos como esse. 

Que fique claro, não se trata de uma crítica infundada ao 5G, que acabou de chegar ao Estado e ainda vai demorar a ter uma cobertura relevante. Mas um apontamento de uma situação irônica, que mostra o tamanho do desafio que é modernizar os serviços de internet no país, ainda muito instáveis e prejudicando atendimentos essenciais.

Mas o problema não é só a falha da tecnologia: é gritante a incapacidade do serviço público de fornecer alternativas "analógicas" para que o atendimento desses usuários seja garantido. A tecnologia existe para agilizar processos, mas não pode engessar tanto assim os trabalhos quando colapsa. Deveria haver protocolos emergenciais para evitar inconvenientes tão desumanos quanto mandar pessoas que precisam de atendimento de volta para casa.

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