Boato de queda de avião: quem paga a conta é você

O que aconteceu em Itapina foi a mobilização do aparato estatal desnecessariamente. Até um helicóptero foi deslocado para o local

Publicado em 09/01/2024 às 01h00
Avião
Possível queda de avião mobilizou equipes do Samu, PM, Bombeiros e Notaer em Colatina. Crédito: Divulgação | Polícia Militar de Colatina

A queda de um avião é sempre uma notícia relevante. Mas, para chegar a ser notícia, uma confirmação é necessária.  E, neste domingo (8), o que se confirmou foi apenas o boato.

Não é possível definir a ordem dos acontecimentos ou as circunstâncias, mas  um apagão que afetou cidades do Norte e do Noroeste do Espírito Santo acabou sendo relacionado a uma queda de avião em uma rede de alta tensão no distrito de Itapina, em Colatina.  

Embalados por essa suposição de causa e efeito, os boatos se espalharam pelas redes sociais, mas houve os registros de dois contatos feitos por supostas testemunhas do acidente a atendentes da Polícia Militar, pelo número 190. Uma delas teria escutado o barulho do avião caindo, outra a explosão após a colisão com a torre de energia.

Cumpridores do seu papel, equipes da PM e do Corpo de Bombeiros, além do helicóptero do Notaer e Samu, se deslocaram para o local, sem encontrar nenhum vestígio da aeronave. O acidente foi descartado.

Havia uma explicação para o apagão, bem menos "espetacular": a empresa Luz e Força Santa Maria, responsável pela distribuição de energia em 11 cidades do Norte e Noroeste do Estado, informou que a interrupção de energia ocorreu devido a uma falha no sistema interligado nacional, com impacto na região. A EDP também foi procurada pela reportagem porque também houve queda de energia em municípios sob área de concessão da empresa, mas informou que ainda apurava o caso.

Infelizmente, trotes que mobilizam os serviços de emergência à toa não são incomuns. O Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), da Polícia Militar do Espírito Santo recebe uma média de 500 trotes todos os dias. As falsas ocorrências, em sua grande maioria, são brincadeiras perceptíveis pelos operadores e não têm um impacto tão grave quanto a notificação de uma falsa queda de avião, mas podem atrasar o socorro a quem precisa.

O que aconteceu em Itapina foi a mobilização do aparato estatal desnecessariamente. Até um helicóptero foi deslocado para o local.  E isso gera um gasto desnecessário, que acaba sendo pago pelo contribuinte. Mas, mais que isso, há uma mobilização em torno de uma informação falsa que gera uma apreensão sem razão de ser. 

Houve até informações de que se tratava de uma aeronave de uma grande companhia aérea, o que gera ainda mais comoção. Felizmente, o jornalismo profissional está sempre a postos para separar o joio do trigo e só divulgar os fatos. Mais uma vez, fez a diferença.

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