O caso da aprovação do auxílio-alimentação a vereadores de Ibiraçu e o seguinte recuo da decisão precisa ser emblemático, principalmente nestes tempos em que a apatia é o mais comum diante de decisões legislativas controversas e impopulares. Vereadores são eleitos pelo povo e precisam agir de acordo com a vontade popular. Em Ibiraçu, a má repercussão da aprovação foi decisiva para que prefeito e vereadores entrassem em acordo para vetá-la.
Na semana passada, em uma sessão extraordinária convocada para as 7 horas da manhã na terça-feira (27), os vereadores se incluíram na normativa que criou o auxílio-alimentação para os servidores da Câmara Municipal em 2006, uma proposta cujo impacto financeiro chegaria a quase R$ 300 mil em três anos. Pela divisão do valor previsto no projeto, cada um dos nove vereadores receberia R$ 1.067,55 por mês.
Não pegou bem, também pelo clima de segredo em torno da sessão. Até segunda-feira (2) à tarde, a reportagem não encontrou registros da reunião nos canais oficiais de transmissão do Legislativo de Ibiraçu. No site da Câmara também não constavam documentos referentes à aprovação para confirmar o placar da votação em plenário. Ou seja, faltou transparência em torno de um tema impregnado de interesse público.
Decisões em benefício próprio são comuns nas câmaras municipais, mas o que tem chamado mais atenção nos últimos tempos é o enfraquecimento da indignação popular. Isso facilita as coisas para quem deseja fazer do cargo público um instrumento de satisfação dos próprios interesses.
Por isso, é importante testemunhar um recuo público, como o do presidente do Legislativo de Ibiraçu, Breno do Salão (Podemos): “Devemos reconhecer que o poder emana da população. Foi necessário rever o projeto e admitir que ele não foi discutido da melhor forma. Vim aqui reconhecer e dar esse passo atrás. Vim, humildemente, me desculpar por essa matéria”.
Vereadores não estão nesta posição por acaso, mas pelo poder conferido pelas pessoas. Não podem se esquecer nunca que a voz do povo tem vez.
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