A informação de que 42% das pessoas que morreram em sinistros de trânsito entre 2013 e 2023 no Espírito Santo tinham usado álcool e/ou drogas antes dos acidentes é muito relevante, por deixar explícito o impacto desse consumo na letalidade da violência nas vias, além de ser encarada como uma oportunidade de ação preventiva. O levantamento inédito da Polícia Científica pode abastecer legisladores e gestores na construção de políticas públicas mais eficientes para reduzir tanta brutalidade no trânsito.
Algo precisa ser feito, algo precisa mudar. Somente de janeiro a abril deste ano, 287 pessoas já perderam a vida em acidentes de trânsito no Espírito Santo, um número que já é um pouco maior que o do mesmo período do ano passado, quando foram registradas 283 mortes. Um mês fora da curva foi justamente maio de 2024, quando houve 114 mortes. Pelo menos desde 2017, nenhum outro mês registrou mais de cem falecimentos. Importante lembrar que o ano de 2024 foi o primeiro da série histórica em que o número de mortes no trânsito superou o de homicídios.
O trânsito precisa ser encarado como a nova fronteira de enfrentamento da violência. A Lei Seca existe desde 2008, com ajustes legislativos que a tornaram mais rígida ao longo dos anos, para combater o consumo de álcool ao volante.
Não custa repetir que os motoristas precisam voltar a temer a lei, eliminando da rotina a ingestão de bebidas alcoólicas antes de dirigir, pois esse é um dos caminhos que pode reduzir o número de mortes em acidentes. E, para tanto, a fiscalização é mandatória. Os condutores imprudentes e negligentes precisam ser mais incomodados no trânsito para andarem na linha.
E isso não vale somente para blitze de álcool e drogas: é preciso inibir o uso de celulares, reprimir as manobras perigosas de motociclistas, organizar o trânsito de bicicletas elétricas, isso tudo só para início de conversa. Do contrário, o que se mantém é uma terra sem lei. Um trânsito mais civilizado é uma urgência.
É gente demais que perde a vida de uma hora para outra, pelas péssimas escolhas de quem deveria ter mais responsabilidade. A ingestão de álcool e drogas é uma dessas decisões erradas. Felizmente, pesquisas recentes mostram que os mais jovens, da chamada Geração Z, estão deixando a bebida alcoólica de lado, uma delas foi a realizada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), que mostra que 46% dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil não bebem. Uma decisão inteligente para a vida de cada um, que pode começar a mudar o futuro, coletivamente, nas ruas, avenidas e rodovias deste país.
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