Agressão de PM: Ninguém está acima da lei, nem mesmo o agente da lei

Cenas de PM agredindo frentista em Vila Velha não são um caso isolado, e a recorrência desses abusos deixa evidente a necessidade de um trabalho preventivo interno. O que não diminui a importância de punições exemplares

Publicado em 29/01/2020 às 04h00
Atualizado em 29/01/2020 às 04h02
O frentista Joelcio Rodrigues denunciou o policial militar nesta terça-feira (28), na Corregedoria da PM. Crédito: Larissa Avilez
O frentista Joelcio Rodrigues denunciou o policial militar nesta terça-feira (28), na Corregedoria da PM. Crédito: Larissa Avilez

Não bastou ao frentista Joelcio Rodrigues levar um tapa na cara do 3º sargento Clemilson Silva de Freitas e ainda ter uma arma apontada em sua direção, como mostram as imagens de videomonitoramento do posto de gasolina no qual ele atende, em Vila Velha.

O trabalhador precisou encarar uma via-crúcis burocrática que foi mais uma agressão à sua dignidade quando decidiu fazer a denúncia da má conduta do policial. Joelcio ficou num vai e vem por batalhão da PM, a própria Corregedoria e uma delegacia da Polícia Civil. É lamentável a constatação de que é assim que o cidadão é tratado, feito um bobo, quando depende do amparo institucional.

Não precisaria passar por tudo isso se fosse devidamente orientado, desde o primeiro momento. Afinal, a própria existência da polícia pressupõe a proteção da sociedade, algo que faltou neste episódio. A publicidade sobre o caso foi essencial para garantir a ele o registro na Corregedoria da PM, o que só ocorreu nesta terça-feira (28) com a abertura do inquérito, quando soube, enfim, que o policial foi afastado. O descaso é definitivamente mais uma ferida aberta, de mãos dadas com o medo de uma retaliação.

Polícia Militar deve ser o exemplo em todas as suas instâncias. O policial nas ruas é o reflexo dos valores dessa instituição centenária, tão necessária para a segurança pública. Sendo assim, desvios de conduta tão graves devem ser apurados com afinco. É a própria credibilidade da corporação que está em jogo a partir do comportamento de um de seus membros.

É por isso que o corporativismo é tão equivocado: ele acaba beneficiando o indivíduo, enquanto a imagem da instituição fica definitivamente manchada.

O trabalho da Corregedoria tem a obrigação de ser célere a partir de agora, a sociedade exige respostas para o comportamento agressivo do policial nas cenas. Espera-se que a cobrança do governador Renato Casagrande tenha efeito.

Não é um caso isolado, e a recorrência desses abusos deixa evidente a necessidade de um trabalho preventivo interno. O que não diminui a importância de punições exemplares. O afastamento das ruas deve ser sempre imediato, sem pudores. É a segurança do cidadão que está em jogo quando se lava as mãos.

Ninguém está acima da lei, nem mesmo o agente da lei. A farda não é um instrumento de poder na rotina do policial e não pode se transformar num salvo-conduto para a violência.

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