Publicado em 13 de maio de 2020 às 10:15
As vendas do comércio brasileiro caíram 2,5% em março, já com efeitos da pandemia do novo coronavírus. Foi o pior desempenho desde março de 2003. Entre os oito setores pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ), apenas supermercados e produtos de higiene e limpeza se salvaram.>
É o quarto indicador dos efeitos das primeiras semanas de isolamento social sobre a economia brasileira. A OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou pandemia no dia 11 de março. Nas semanas seguintes, estados e municípios começaram a impor restrições à circulação de pessoas.>
O setor de serviços, responsável por 60% do PIB (Produto Interno Bruto), teve queda recorde no mês, de 6,9%. Já a produção industrial, afetada pela queda nas vendas, caiu 9,1%, pior resultado desde a greve dos caminhoneiros de 2018.>
Com isso, a taxa de desemprego avançou para 12,2% no trimestre encerrado em março, com 1,2 milhão de pessoas a mais na fila por uma vaga. No comércio, por exemplo, o fechamento de vagas foi o maior da série histórica, iniciada em 2012.>
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Considerando o segmento de Veículos, partes e peças e materiais de construção, o chamado varejo ampliado recuou 13,7% no mês passado, a queda mais intensa desde o início da série histórica do IBGE, em fevereiro de 2003.>
"Março foi bastante impactado pela estratégia de isolamento social adotada em algumas das cidades mais importantes e populosas a partir da segunda quinzena do mês" , diz o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, acrescentando que 14,5% das empresas apontaram a Covid-19 como a principal causa de variação das suas receitas.>
Na comparação com março do ano passado, o recuo nas vendas foi de 1,2%. Em 2020, as vendas do varejo ainda acumulam alta de 1,6%. Em 12 meses, o aumento é de 2,1%.>
O isolamento teve impactos distintos, diz o IBGE. Atividades que tiveram lojas físicas fechadas registraram grandes recuos. É o caso de Tecidos, vestuário e calçados (-42,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-36,1%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-27,4%).>
Já aquelas consideradas essenciais se destacaram positivamente. As vendas do segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo subiram 14,6% e as de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, 1,3%.>
O setor de perfumaria, sabão e limpeza foi um dos únicos que se salvaram do colapso na produção industrial de março, com alta de 0,7% em relação ao mês anterior. Naquele mês, a indústria teve o recuo mais disseminado da série histórica, com queda em 23 dos 26 ramos pesquisados.>
Os resultados de março foram impactados negativamente apenas no final do mês, quando foram iniciadas as restrições ao funcionamento de comércio e serviços. A expectativa é que em abril, com a maior parte dos estados já em isolamento durante todo o mês, os efeitos sejam ainda maiores.>
Na indústria, por exemplo, o nível de ociosidade atingiu um recorde no mês passado, registrando a queda mais rápida de série histórica pesquisada pelo Ibre/FGV.>
Na sexta (8), economistas ouvidos pelo Banco Central para a produção do boletim Focus reviram suas projeções para a retração do PIB de 2020, de 3,76% para 4,11%. O governo deve rever também a sua expectativa, para queda entre 4% e 5%.>
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