Publicado em 3 de agosto de 2022 às 20:22
SÃO PAULO - Com a nova alta na taxa Selic pelo BC (Banco Central) nesta quarta-feira (3), para 13,75% ao ano, as principais alternativas na classe da renda fixa passam a oferecer rendimentos ainda mais atraentes aos investidores. Já a poupança tem o menor retorno entre as opções analisadas, mesmo sendo isenta do IR (Imposto de Renda). >
Segundo levantamento realizado por Andrew Storfer, diretor de economia da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), com o novo patamar da taxa básica de juros, um investimento de R$ 1.000 no título público pós-fixado Tesouro Selic renderia ao aplicador um montante de R$ 114,57, considerado um intervalo de 12 meses. Com o patamar anterior da Selic de 13,25%, essa mesma aplicação entregaria ao investidor um retorno de R$ 110,45, no mesmo intervalo.>
O valor considera uma aplicação com taxa de juros de 13,89% ao ano e já desconta a incidência da alíquota do IR de 17,5% para os investimentos resgatados dentro do prazo de um ano.>
Pelos cálculos da Anefac, os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) de bancos de médio porte representam a opção mais rentável dentre as principais alternativas, devolvendo ao investidor que aplicar R$ 1.000 no prazo de um ano o valor de R$ 124,78, descontado o IR na fonte. Nesse caso, os juros considerados são de 15,13% ao ano.>
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Em relação aos grandes bancos, o rendimento recebido após 12 meses seria de R$ 105,50, mediante a aplicação com juros de 12,79%.>
No caso das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e das LCAs (Letras de Crédito Agrícola), que contam com a isenção tributária, o ganho líquido dentro do prazo de um ano será de R$ 123,75, remunerado por um juro de 12,38% ao ano.>
"Aplicações como Tesouro Direto, CDBs dos grandes bancos, fundos conservadores e letras de crédito são seguras e têm um rendimento, dependendo do prazo, bem próximo ou mesmo acima da Selic", afirma o diretor da Anefac.>
Storfer acrescenta que, no caso dos CDBs de instituições de menor porte, embora ofereçam rendimentos mais atraentes, também expõem o investidor a um nível de risco maior.>
Nesse caso, o especialista diz que o investidor deve procurar fazer um aporte dentro do limite coberto pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que assegura o valor de até R$ 250 mil por CPF e conglomerado financeiro, em caso de eventuais problemas financeiros que a instituição emissora venha a sofrer no meio do caminho.>
Já a caderneta de poupança tem o menor retorno entre as opções analisadas, mesmo sem ter o desconto do IR.>
Mesmo com a recente trajetória de alta na taxa básica de juros, que aumenta a atratividade de produtos de renda fixa de modo geral, o rendimento da poupança não muda.>
A despeito da escalada da Selic, que saiu da mínima histórica de 2% em março de 2021 para os atuais 13,75% ao ano, a aplicação da caderneta segue com o rendimento inalterado em 6,17% ao ano, mais a TR (Taxa Referencial).>
A remuneração da poupança é de 0,5% ao mês sempre que a Selic estiver acima de 8,5% ao ano. Já quando a taxa básica é de até 8,5%, o rendimento da poupança equivale a 70% da Selic.>
"Nesse cenário, a poupança, apesar de ser uma aplicação fácil e segura, não fica competitiva, rendendo menos da metade da Selic", diz Storfer.>
Segundo levantamento da plataforma de dados financeiros Economatica, a última vez em que a poupança ofereceu uma rentabilidade acumulada em 12 meses que superou a inflação foi em agosto de 2020, quando o retorno real da aplicação foi de 0,45% em um ano.>
Em julho, a inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou com força e atingiu a menor variação em dois anos, de 0,13%, graças ao impacto da redução das alíquotas de ICMS sobre os preços de combustíveis e energia, com a taxa em 12 meses voltando a ficar abaixo de 12%. O alívio levou o índice a acumular em 12 meses inflação de 11,39%.>
"Com a Selic ainda subindo, e a inflação mostrando sinais de que inicia uma queda, ainda que lenta, os juros reais ficam mais fortes, e a intenção é realmente colocar mais esforço na queda da inflação, com esses juros reais mais altos", diz o diretor da Anefac.>
A inflação em níveis ainda pressionados, contudo, somada às condições financeiras mais restritivas impostas pelo avanço da Selic, tem contribuído para saques cada vez maiores de recursos da poupança.>
No primeiro semestre deste ano, as retiradas em cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 50,5 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central.>
Nos seis primeiros meses do ano, as saídas de recursos na modalidade somaram R$ 1,808 trilhão, enquanto os depósitos totalizaram R$ 1,758 trilhão.>
Esse é o maior volume de resgate para o período na série histórica do BC, iniciada em janeiro de 1995. O recorde negativo anterior era do primeiro semestre de 2016, quando houve saque líquido de R$ 42,61 bilhões.>
O fluxo de recursos na poupança passou a acumular retiradas significativas em 2021, quando o poder de compra do brasileiro caiu significativamente diante de uma inflação de dois dígitos e um intenso choque de juros.>
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