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Senado aprova medida que eleva as receitas da União com petróleo

Senado aprova medida que eleva as receitas da União com petróleo

Medida que mexe em Fundo do Pré-Sal foi primeiro teste de uma proposta de interesse da gestão Lula desde que a gestão acionou o STF contra ato do Congresso

Publicado em 1 de julho de 2025 às 21:24

BRASÍLIA - O Senado aprovou nesta terça-feira (1º) a ampliação das possibilidades de uso dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal, abrindo caminho para a criação de nova faixa do programa Minha Casa, Minha Vida.

O texto-base também autoriza o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a vender petróleo excedente, o que deve gerar R$ 20 bilhões em receitas em 2025 e R$ 15 bilhões em 2026, importante reforço para as contas públicas em um momento em que o governo corre para se manter dentro da regra fiscal.

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária
Medida provisória foi aprovada no Senado em rito simbólico, sem contagem de votos Crédito: Carlos Moura/Agência Senado

A medida provisória foi aprovada em rito simbólico, sem a contagem de votos, na primeira votação de um projeto de interesse do governo desde que a gestão petista recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter a derrubada dos decretos que mudaram as alíquotas de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O texto da medida provisória foi aprovado na Câmara na semana passada, no mesmo dia em que os decretos foram derrubados. Ele precisava ser aprovado no Senado ainda nesta semana, ou a medida perderia a validade.

Nas semanas que antecederam a votação na Câmara, a cúpula do Congresso Nacional chegou a discutir a possibilidade de incorporar no relatório dessa MP a Tarifa Social, que estende o fornecimento de energia elétrica gratuita para 16 milhões de pessoas.

A manobra buscava esvaziar a MP do setor elétrico e impor uma derrota ao ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), que virou desafeto do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

O relator do projeto na comissão mista que analisou o texto, deputado José Priante (MDB-PA), disse ter decidido retirar a tarifa devido ao prazo apertado para concluir a votação. Parlamentares também consideraram que a criação da Tarifa Social seria uma vitória do governo em um momento de crise na relação entre os poderes.

A medida provisória flexibiliza o uso dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal foi enviada em março pelo governo Lula. O fundo foi criado em 2010 para reunir recursos arrecadados a partir da exploração de petróleo e destiná-los às áreas de educação, saúde, cultura, esporte, ciência e tecnologia e mitigação das mudanças climáticas. Recentemente, foram incluídas as políticas de infraestrutura social e habitação.

O TCU (Tribunal de Contas da União) já identificou que, ao longo dos anos, os recursos não haviam sido empregados em parte dessas áreas e haviam sido destinados até para abater dívida pública.

O rol de áreas que podem receber os recursos do Fundo Social ficou ainda maior no texto aprovado por Câmara e Senado para contemplar infraestrutura hídrica, segurança alimentar e defesa dos povos indígenas.

O governo também passa a ficar obrigado a destinar mais 5% do Fundo Social para ações de saúde e educação, além dos 50% que já são carimbados para a educação. Na prática, porém, isso pode ser feito usando esses recursos para bancar despesas já programadas, dado que o volume de gastos do governo é limitado pelo arcabouço fiscal.

O texto aprovado nesta terça prevê ainda a vinculação de um critério regional na aplicação dos recursos para os anos de 2025 e 2026. Esses recursos do Fundo Social deverão observar no mínimo 30% para a região Nordeste, 15% para a Norte e 10% para a Centro-Oeste.

O relatório de Priante também viabilizou uma linha de crédito para reformas habitacionais, programa anunciado pelo presidente Lula em aceno à classe média.

O FGHab (Fundo Garantidor da Habitação Popular) passará a ser o garantidor de parte das operações de crédito da nova linha voltada a reformas de casas. A ideia é que esse fundo cubra o pagamento das prestações em caso de inadimplência, até um determinado limite a ser regulamentado no futuro.

O governo tem no Orçamento uma reserva de R$ 3 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal, que poderão ser usados como fonte de financiamento para os empréstimos para fazer as reformas. O crédito deve ser operado pela Caixa.

Já a concessão da garantia, viabilizada com o FGHab, ajuda a reduzir o risco das operações e, consequentemente, o custo para os tomadores. Sem isso, seria mais difícil tirar o programa do papel.

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