Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 13:50
SÃO PAULO - O senador Weverton Rocha (PDT-MA), 46, foi alvo de busca da Polícia Federal em uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos sobre aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).>
Rocha é senador pelo PDT do Maranhão desde 2018, ex-aliado de Flávio Dino e atual líder do partido no Senado. A PF o identificou como suspeito de ser beneficiário final e sócio oculto de esquema de operações financeiras de organização criminosa investigada pelos descontos no instituto. >
Ele ocupa uma cadeira no Senado pelo Maranhão desde 2018, quando foi eleito com 34,91% dos votos válidos, com apoio do então governador Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal. Quatro anos depois, Rocha concorreu ao governo maranhense e perdeu para o candidato de Dino, o atual governador Carlos Brandão (PSB).>
Durante a campanha, quando esteve licenciado do Senado por 120 dias, o parlamentar compôs chapa com partidos tradicionalmente alinhados à direita — PTB, PL, Agir, Republicanos e PROS.>
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O senador contratou em seu gabinete o gaúcho Adroaldo da Cunha Portal, atual secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, que foi preso pela PF na manhã desta quinta-feira (18). Ambos são quadros com história no PDT, sendo que Rocha está no partido há 30 anos.>
Em nota, o gabinete de Rocha afirma que o senador recebeu com surpresa a busca na sua residência. "Ele se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão.">
A casa de Weverton em Brasília é um dos endereços de busca e apreensão. Não houve ações no gabinete do parlamentar no Senado.>
Líder do PDT no Senado e um dos vice-líderes do governo Lula (PT), Weverton está no centro da operação desta quinta. Ele entrou na mira de integrantes da CPI do INSS depois que pessoas ligadas a ele apareceram nas investigações sobre o esquema de fraudes.>
No total, os investigadores cumpriram 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. A ação da PF e da CGU (Controladoria-Geral da União) foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, relator do caso.>
A Polícia Federal apreendeu, durante as buscas, armas como pistola, carabina e fuzil, quantias em dinheiro em espécie ainda não divulgadas, carros de luxo e relógios. As autoridades não apontaram o que foi encontrado na casa do senador maranhense.>
Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.>
Ainda no curso da operação, as autoridades prenderam Romeu Carvalho Antunes, filho do empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS.>
Acusado de ser um dos operadores do esquema, Antonio Carlos declarou à CPI do INSS que foi a um churrasco de costela na casa do senador, quando teria falado com ele sobre a regulação da venda de derivados de cannabis — ou seja, uma atividade de representação empresarial sem ligação com descontos em aposentadorias.>
O Careca do INSS também disse que esteve no gabinete do senador em outras ocasiões, mas que não conversou com o político. O interlocutor teria sido Adroaldo, secretário-executivo do Ministério da Previdência, que, à época, trabalhava no gabinete de Weverton. A visita também teria sido para tratar sobre o mercado de cannabis.>
Diante das suspeitas sobre o envolvimento de Weverton, a CPI requisitou ao Senado a lista de gabinetes visitados por Antunes. A relação nunca foi tornada pública porque a Advocacia do Senado elaborou um parecer alegando se tratar de informação sigilosa.>
Um ex-assessor de Weverton também apareceu nas apurações. Gustavo Gaspar teria assinado uma procuração de movimentação de contas bancárias e entregado para Rubens Oliveira, apontado como um operador dos descontos irregulares.>
Segundo a PF, as ações buscam aprofundar as investigações da Operação Sem Desconto e esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial.>
De acordo com as investigações, as entidades descontaram o valor estimado de R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.>
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