Publicado em 4 de outubro de 2021 às 14:21
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (04) que há preocupação com o aumento dos preços administrados, citando o forte aumento do valor das bandeiras tarifárias de energia entre 2020 e 2021. Atualmente, vigora a bandeira de escassez hídrica, que tem taxa adicional de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. >
Segundo o presidente do BC, há preocupação com o preço da bandeira de energia, pois é um aumento que se dissemina pela cadeia. Ele mencionou, contudo, que há um movimento de chuvas melhor recentemente. >
Em participação em evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Campos Neto ainda citou que o mercado livre de energia tem muito a crescer e também é possível aumentar a eficiência no mercado de energia. >
O presidente do Banco Central disse que a atuação da autoridade no câmbio tem que ser feita de forma a manter a liquidez e a conexão com os preços para os investidores não migrarem para outros instrumentos de hedge. "Intervenção ideal no câmbio é a que mantém conexão entre preços e não deixa ter ruptura de liquidez", afirmou. >
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Afirmou ainda que há um questionamento sobre o motivo de o dólar não absorver os choques de aumento commodities no Brasil. "Em parte é o fiscal", completou. >
O presidente do Banco Central salientou que a autarquia não usou a permissão para comprar títulos privados no mercado secundário durante a vigência do Orçamento de Guerra porque encontrou um mecanismo mais eficiente. "Em vez de dar dinheiro para o banco aceitando só títulos públicos como colateral, passamos a aceitar também títulos privados. Dou liquidez para os bancos comprarem títulos privados, entendendo que fazem esse trabalho melhor que o BC. Fizemos LTEL e LFG. Isso mostrou que ajustou muito o mercado de crédito, que estava muito problemático naquele momento, a um custo muito baixo.">
Campos Neto disse que o BC vai tornar esse processo permanente . "Hoje, em momento de crise de liquidez, o banco não vai ter só o título público para emprestar contra um empréstimo de liquidez emergencial, vai ter também o privado. O banco, quando for comprar uma carteira ou emissão de título privado, pode usar o título privado com o BC para prover liquidez", comentou. "Depois desse aprendizado da crise, fizemos todo um movimento de extrair liquidez de um título privado. Isso faz com o que mercado de crédito privado se desenvolva muito mais", completou. >
O presidente do Banco Central destacou ainda que o BC tem monitorado o tema dos dividendos em função da discussão da reforma do Imposto de Renda. Em relação ao fim dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), o efeito é maior sobre os bancos, mas o resultado depende do "conjunto da obra", ou seja, do que vai acontecer com os outros impostos. >
Segundo Campos Neto, em relação aos bancos, é mais importante o projeto de IRFS 9, para eliminar a distorção no acúmulo de crédito tributário em função da contabilização das perdas. "Hoje, se o imposto cair muito, resultado dos bancos vai ser péssimo, por crédito tributário reavaliado para baixo", disse. "Não há nenhum país do mundo em que os bancos têm a base de capital tão concentrada em crédito tributário", completou. >
Campos Neto ainda comentou que entende que o governo está estudando alguma forma de lidar com a tributação dos preços de combustíveis. Ele citou que, no México, tem um imposto sobre os combustíveis que sobe e desce, "o que cria uma absorção em relação aos preços". >
O presidente do BC ainda esclareceu que o comentário sobre a política de preços da Petrobras recentemente foi mal interpretado pelo mercado. Em evento, Campos Neto havia dito que o repasse dos preços de combustíveis no Brasil era mais rápido, o que foi interpretado por alguns no dia como uma crítica à política de preços da Petrobras. >
Nesta segunda-feira, o presidente do BC disse que foi algo positivo, que mostrava a maior força da economia de mercado no País. "Alguém disse que o presidente do BC era contra a política da Petrobras. Obviamente, o BC não comenta a política da Petrobras.">
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