Publicado em 30 de julho de 2021 às 15:03
O ministro Paulo Guedes (Economia) questionou a metodologia da pesquisa de emprego do IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), que mostrou nesta sexta (30) a taxa de desemprego de 14,6% no trimestre encerrado em maio. >
Guedes defendeu que os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do governo federal mostram que o Brasil está criando empregos "muito rapidamente".>
O Caged retrata apenas o mercado de trabalho formal, ou seja, empregos com carteira assinada. Já o IBGE, por meio da Pnad, abrange também o setor informal da economia.>
"Estamos gerando praticamente 1 milhão de empregos a cada três meses e meio", afirmou, em entrevista após evento na sede do Ministério da Economia no Rio de Janeiro.>
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O ministro disse que a Pnad está atrasada, ao usar entrevistas por telefone para calcular a taxa de desemprego, enquanto o Caged trabalha com dados oficiais das empresas.>
"Vamos ter que rever, acelerar os procedimentos do IBGE, porque o IBGE ainda está na idade da pedra lascada", afirmou o ministro.>
O IBGE começou a adotar pesquisas por telefone durante a pandemia. No entanto, o instituto afirma que está retonando gradualmente a fazer entrevistas presenciais. No momento, os dois modos são utilizados, sendo que as entrevistas telefônicas ainda predominam.>
Questionado pelo jornal Folha de S.Paulo sobre os comentários do ministro, o instituto não respondeu até a publicação da reportagem.>
Guedes frisou que o Caged mostrou a geração de 309 mil empregos em junho. "Desde o início do ano, já criamos 1,5 milhão de empregos. Desde a pandemia, que cortou 1milhão de empregos, já criamos 2,5 milhões.">
Especialistas, no entanto, questionam os dados divulgados pelo Caged. Desde janeiro do ano passado, houve uma mudança na metodologia da pesquisa, que passou a ser alimentada por informações provenientes do eSocial, sistema de escrituração que unificou diversas obrigações dos empregadores.>
Além de reunir mais informações na mesma base de dados, o novo Caged tornou obrigatório informar a admissão e demissão de empregados temporários. Antes, essa comunicação era facultativa.>
Ao comparar um mesmo período (abril a dezembro de 2019) usando a série antiga e a nova do Caged, o pesquisador Bruno Ottoni, do iDados e do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), encontrou uma diferença de 74% entre os resultados -ou seja, pela nova metodologia, o saldo de vagas observado foi muito maior.>
A discrepância entre os dados observados nas duas pesquisas levou o Itaú Unibanco a criar um indicador próprio sobre mercado de trabalho. Na visão de Luka Barbosa, economista da instituição, tanto o Caged e a Pnad estariam descalibrados -o primeiro, mostrando uma recuperação muito forte, enquanto a segunda vai no sentido contrário.>
Em relação ao Caged, o banco identificou uma diferença acumulada de 304 mil postos de trabalho a mais entre abril e dezembro de 2019 após as mudanças metodológicas adotadas pelo governo, em comparação com o formato anterior da pesquisa.>
Já em relação à Pnad, o Idat-Emprego -como o indicador do Itaú foi batizado- indicou uma taxa de desemprego para o trimestre encerrado em fevereiro de 14,2%, menor do que a observada na pesquisa do IBGE, de 14,5%.>
No evento desta sexta, o ministro da Economia confirmou ainda que há espaço no orçamento para acomodar o aumento no valor do programa Bolsa Família, como havia afirmado na quinta (29) o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt.>
O governo quer elevar o benefício para R$ 300, o que demandaria cerca de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões, nos cálculos de Guedes. "Nosso orçamento está preparado para acomodar essa despesa", afimou. Ele frisou, porém, que o surgimento de eventuais despesas extraordinárias poderiam atrapalhar os planos.>
O ministro diz que o governo vem mapeando propostas de criação de despesas por outros poderes para tentar derrubá-las, mas evitou apontar quais seriam essas propostas e de onde viriam. "Há fumaça no ar, mas prefiro não comentar", disse.>
Guedes esteve no Rio para participar do lançamento de um aplicativo para facilitar a compra de domínio de áreas da União por proprietários de imóveis nessas áreas, processo conhecido como remição de foro.>
O programa é parte de um esforço do governo Jair Bolsonaro (sem partido) para vender ativos imobiliários da União. No caso da remição de foro, o governo não vende o imóvel, mas o domínio sobre o terreno.>
Ao adquirir o domínio, o proprietário deixa de pagar taxas anuais pelo uso, conhecidas como foro, e o laudêmio, taxa de 5% cobrada sobre a transferência do imóvel.>
O objetivo do aplicativo é agilizar o processo de compra do domínio, que hoje depende de um processo de avaliação do imóvel. O serviço começará com 4.137 imóveis da Avenida Atlântica, em Copacabana e no Leme, zona sul do Rio, mas será estendido para todo o país.>
O ministério diz que há 241,816 imóveis elegíveis à remição de foro. Os recursos da venda de domínios, diz, serão destinados a impulsionar políticas públicas e reduzir a dívida do Estado.>
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