Publicado em 6 de maio de 2020 às 16:06
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, se reuniram com Jair Bolsonaro e os ministros da ala militar para tentar convencê-los de que será preciso acelerar um plano de R$ 150 bilhões em privatizações e venda de participações da União previstas para este ano. >
A meta, apresentada por Salim na reunião ocorrida nesta terça-feira (5), inclui a privatização de 20 estatais consideradas "prontas para a venda" bem como desinvestimentos pelo BNDES, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Petrobras.>
Pessoas presentes ao encontro afirmam que, no entanto, o secretário ponderou que este não é o momento de vender as empresas porque estão subvalorizadas por causa da crise do coronavírus.>
A ideia do encontro, segundo presentes, foi reforçar a necessidade de se deixarem os processos prontos para que as estatais sejam rapidamente vendidas assim que o mercado se recuperar.>
>
Guedes e Salim fizeram questão de frisar que as privatizações e vendas de participações são um dos pilares para a retomada.>
As concessões, que estão em curso lideradas principalmente por projetos do Ministério da Infraestrutura, e as reformas estruturais são os outros eixos de sustentação do plano do ministro.>
Até fevereiro deste ano, a União e suas estatais se desfizeram de R$ 29,5 bilhões em participações. A maior parte (R$ 22,4 bilhões) decorrente da venda de ações da Light e da Petrobras pelo BNDES.>
A Petrobras pretende se desfazer de sua fatia na Brasoil e PBN, ambas na Nigéria, Petan (Tanzânia), POG (Namíbia). A Eletrobras prevê a venda de suas sociedade de propósito específico.>
No total, o plano de Salim previa a privatização total, parcial ou a venda de participações em 300 empresas, o que movimentaria R$ 150 bilhões.>
Na lista consta Conab, Codevasf, Ebserh, Eletrobras, Embrapa, Finep, Infraero, dentre outras estatais.>
A conversa, no entanto, não convenceu a ala militar, que defende maior participação estatal nos investimentos públicos.>
Esse grupo, liderado pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, prefere levar adiante o chamado Programa Pró-Brasil, que prevê R$ 215 bilhões em obras financiadas com recursos da União.>
Esse plano, segundo Guedes, não tem como seguir adiante da forma como foi idealizado por causa da escassez de recursos em caixa.>
Segundo a equipe econômica, o governo já gastou R$ 1,1 trilhão para conter os danos causados pelo coronavírus na economia e, por isso, a dívida pública deve bater em 90% do PIB neste ano.>
Ao menos R$ 300 bilhões desse dinheiro gerou impacto fiscal.>
Nos bastidores, no entanto, a ala militar diz não acreditar que será possível levar adiante um plano de privatização como defendeu Salim no encontro.>
Mesmo estatais incluídas na lista no ano passado, como a Eletrobras e a Casa da Moeda, carecem de projetos legislativos no momento em que Bolsonaro quer atrair parte do centrão para, assim, tentar barrar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara.>
De acordo com assessores de Bolsonaro, o Pró-Brasil é uma forma de conquistar apoio político via distribuição de obras públicas conduzidas, principalmente, pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.>
A venda dos Correios (parcial) e da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) também precisará passar pelo Congresso.>
Nesses casos, serão necessários, segundo a Economia, projetos de lei quebrando monopólios estatais. A venda da Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia) exigirá uma PEC.>
Além disso, os militares preferem deixar o Pró-Brasil congelado para evitar desgaste com o ministro Guedes, um dos pilares do governo.>
Bolsonaro ainda tenta se recuperar da saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta