Publicado em 28 de outubro de 2020 às 18:07
Os presidentes do Google, Twitter e Facebook voltaram nesta quarta (28) a depor no Senado norte-americano sobre a moderação de conteúdo em suas plataformas, na esteira de acusações de censurarem conteúdo e, ao mesmo tempo, não se responsabilizarem pela difusão de fake news e discursos de ódio.>
Durante quase quatro horas, Jack Dorsay, do Twitter, Mark Zuckerberg, do Facebook e Sundar Pichai, da Alphabet (proprietária do Google), foram bombardeados de forma remota por 26 senadores democratas e republicanos. A audiência foi pausada por alguns minutos no começo, porque Zuckerberg não conseguiu se conectar à teleconferência.>
Senadores republicanos argumentam que as empresas de tecnologia não são imparciais e apagam seletivamente opiniões conservadoras de suas plataformas. Já democratas acham que a empresa não faz o suficiente ao moderar comentários, priorizando conteúdo incendiário que polariza opiniões e fomenta a violência.>
A discussão tem por base a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações, criada há duas décadas e que exime as plataformas de responsabilidade pelo conteúdo dos usuários. No entanto, as redes sociais têm sido pressionadas por usuários, empresas e políticos a atuarem no combate a fake news e ao discurso de ódio.>
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O senador republicano Cory Gardner, por exemplo, citou ocasiões em que o Twitter rotulou como falso posts do presidente Donald Trump, mas não fez o mesmo com tuítes que negam o holocausto ou ameaças a Israel, feitas pelo aiatolá iraniano Ali Khamenei.>
"Sua plataforma censura o presidente dos Estados Unidos, mas permite que ditadores internacionais postem propaganda", argumentou.>
Também republicana, a senadora Marsha Blackburn pontuou que o Twitter censurou o presidente 64 vezes, enquanto não o fez nenhuma vez com o russo Vladimir Putin. Dorsay contra-argumentou que os tuítes não foram apagados pela plataforma, mas marcados como falsos.>
Outro ponto lembrado pelos senadores foi o de que, no começo do mês, Facebook e Twitter controlaram o compartilhamento de uma matéria do jornal "New York Post", contendo acusações não confirmadas a Hunter Biden, filho do candidato democrata à presidência, Joe Biden. A ação das redes foi criticada e elas voltaram atrás na medida.>
Em um dos momentos mais tensos, o senador republicano Ted Cruz questionou de forma exaltada: "Quem raios elegeu vocês para decidir o que a mídia pode ou não noticiar e o que o povo americano pode ouvir?". >
Os executivos do Twitter e do Google, por sua vez, alertaram sobre possíveis mudanças na Seção 230. "Minar a lei pode resultar em ainda mais conteúdo sendo removido e impor limitações severas na nossa habilidade coletiva de lidar com conteúdo prejudicial e proteger as pessoas online", disse Dorsey.>
Ele defendeu como solução, por exemplo, que usuários da rede tenham autonomia na escolha de algoritmos que filtram os conteúdos, podendo, inclusive, usar algoritmos de terceiros.>
Já Zuckerberg falou em atualização da lei. "O Congresso deveria fazer isso para se certificar de que a lei funciona como previsto. Não acho que empresas de tecnologia deveriam estar tomando decisões sobre questões tão importantes sozinhas.">
A presença dos presidentes de big techs no Congresso americano tem se tornado frequente, conforme as preocupações em torno de temas como privacidade, liberdade de expressão e polarização aumentam. Esse foi o quinto depoimento de Zuckerberg, e o terceiro de Sundar Pichai e Jack Dorsey.>
A audiência aconteceu a menos de uma semana das eleições presidenciais norte-americanas, marcadas para o dia 3 de novembro, o que foi criticado pelos democratas. Eles argumentam que isso pode beneficiar Trump. "Estamos politizando uma questão que não deveria ser partidária", criticou a senadora democrata Amy Klobuchar.>
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