Publicado em 28 de outubro de 2021 às 09:22
Deputados estaduais de Minas Gerais que votaram a favor de projeto de lei que restringe no estado o funcionamento de sistemas de viagens de ônibus por aplicativo, como a Buser, estão sendo atacados em suas bases eleitorais. >
Carros de som rodam cidades em que tiveram votos com gravações afirmando que os parlamentares são contrários a passagens de ônibus mais baratas. >
Em 31 de agosto a Assembleia Legislativa aprovou projeto que restringe a operação desse tipo de aplicativo em Minas Gerais. >
No dia 24 de setembro, o governador Romeu Zema (Novo), vetou parcialmente o texto, mantendo as operações de transporte com esse formato. >
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As mensagens não têm autoria, mas o Movimento Fretadores pela Liberdade assumiu à reportagem que contratou o serviço e disse que, se o sistema deixa de funcionar em Minas, o impacto na receita do setor será de R$ 360 milhões por ano. >
Afirmou que decidiu não assinar as gravações porque as mensagens ficariam muito longas. >
O movimento disse reunir pequenos empresários do transporte fretado para "desmistificar e, até mesmo, corrigir as informações equivocadas que alguns setores, pressionados pela nova modalidade de concorrência, tentam impor junto à opinião pública e aos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo". >
As gravações também perguntam se os moradores da cidade sabem que viagens de ônibus podem ser mais baratas e pedem que a população pressione os parlamentares pela liberação do serviço. >
Panfletos com o rosto de deputados e corpos de dinossauro, sugerindo comportamento antiquado por parte dos parlamentares, também foram distribuídos. >
Pelos menos quatro deputados foram alvos dos ataques. Cássio Soares (PSD), em Passos (na região sul do estado), Duarte Bechir (PSD), em Campo Belo (centro-oeste), Alencar da Silveira Júnior (PDT), em Itabirito (centro) e Celinho Sintrocel (PC do B), nas cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, todas no vale do Aço. >
O veto do governador Zema ainda será analisado pela Assembleia. >
Parlamentares reagiram aos ataques. "Um veículo circulando por Campo Belo hoje dizendo que esse parlamentar é contra a passagem barata. (...) É mentira", disse Duarte Bechir, em sessão do Plenário na semana passada. >
Para o parlamentar, empresas como a Buser não pagaram para ter concessões de linhas, ao contrário das empresas tradicionais do setor. "Ir à cidade da gente contar mentira é muito fácil", reclamou. >
O deputado Alencar da Silveira Júnior, autor do projeto vetado por Zema, classificou os ataques como um absurdo, e disse que vai acionar a justiça para identificação dos autores das mensagens. >
Já Cássio Soares conseguiu na justiça a suspensão da divulgação das gravações. "É uma campanha extremamente baixa, antidemocrática", disse. >
O deputado Celinho do Sinttrocel, que aparece como dinossauro em panfletos, registrou queixa na polícia. "Também colocam uma faixa nas praças públicas da cidade", contou. >
A chegada da Buser em Minas Gerais vem incomodando as empresas de transporte de ônibus que já operam há mais tempo no estado. O aplicativo atende 126 das 853 cidades do estado. >
A Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas Gerais) avaliou o projeto como mecanismo para segurança jurídica de empresas que possuem contratos de concessão de linhas. >
A entidade considerou haver concorrência desleal que empresas de ônibus via aplicativo, sem prévia concessão, escolham rotas, dias e horários mais rentáveis para operar. >
Uma viagem de Belo Horizonte para Governador Valadares (leste) custa, via Buser, R$ 49,90. Em empresa tradicional do setor, em ônibus convencionais, o valor oscila de R$ 53,66 a R$ 125,60. >
O Movimento Fretadores pela Liberdade disse em nota que as manifestações que bancou têm o compromisso de "chamar a atenção para a situação dos mais de 50 mil empregos colocados em risco". >
"As próximas semanas serão muito importantes, pois a Assembleia Legislativa de Minas vai analisar o veto do governador. Se os deputados decidirem derrubar o veto de Zema e voltar ao projeto original, haverá impacto no funcionamento de 8.000 ônibus e em cerca de 2.000 empresas do setor do turismo. Em termos de receita, o impacto será de mais de R$ 360 milhões", calculou o movimento. >
O projeto aprovado pela Assembleia e vetado por Zema regulamentava o transporte fretado de passageiros em Minas Gerais e proibia o serviço com regularidade de horários e itinerários. >
Dessa forma, empresas de fretamento para transporte de passageiros só poderiam operar no estado com o chamado "circuito fechado", que significa viagens apenas com grupos pré-definidos e que devem retornar à origem no mesmo veículo usado para a ida, o que atrapalharia o funcionamento no formato atual de empresas como a Buser. >
A Buser, em nota, disse apoiar demonstrações democráticas de fretadores "que se organizam para reivindicar uma regulação moderna e que permita a inovação tecnológica, preços honestos e mais segurança aos milhões de usuários do transporte rodoviário".>
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