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Copom vê retomada ainda mais gradual da economia com incertezas

Copom vê retomada ainda mais gradual da economia com incertezas

Segundo texto divulgado pelo Copom "os dados recentes continuam refletindo uma recuperação desigual da atividade econômica"

Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 12:47

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Coronavírus tem provocado impacto na economia
Coronavírus tem provocado impacto na economia. (Freepik)

Banco Central (BC) afirma que as incertezas quanto à evolução da pandemia e ao quadro fiscal do país podem gerar uma retomada ainda mais gradual da atividade econômica brasileira. A avaliação foi publicada na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta terça-feira (15).

"Os programas governamentais de recomposição de renda têm permitido uma retomada relativamente forte do consumo de bens duráveis e do investimento. Entretanto, os dados recentes continuam refletindo uma recuperação desigual da atividade econômica", diz o texto.

"A pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao necessário ajuste dos gastos públicos a partir de 2021 aumenta a incerteza sobre a continuidade da retomada da atividade econômica. O Comitê ponderou que os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual", avaliou.

Na última quarta-feira (9), o Copom manteve a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano. A definição desta ocorreu em meio à pressão inflacionária, especialmente com a alta nos preços de alimentos e combustíveis.

O BC reforçou que considera que o choque na inflação é temporário, mas afirmou que "segue monitorando sua evolução com atenção".

A Selic é o principal instrumento do BC para controle da inflação. Quando o índice está alto, o BC sobe juros, o que diminui o consumo e equilibra os preços. Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia.

O comitê sinalizou que deve manter a taxa no mesmo patamar na próxima reunião, mas, com a aceleração nos preços, anunciou que abandonará em breve o compromisso de não subir juros.

Nas últimas decisões, o BC adotou um instrumento adicional de política monetária, chamado de "forward guidance", ou prescrição futura. Nele, o Copom garante ao mercado que não subirá juros a menos que as expectativas de inflação sejam elevadas acima da meta ou que o regime fiscal seja alterado.

Como o comitê avalia que a taxa Selic está próxima do seu limite mínimo, o BC teve que recorrer ao recurso para tentar diminuir a especulação em torno da taxa básica de juros futura e aumentar o estímulo à economia sem cortar ainda mais os juros.

A autoridade monetária, no entanto, reafirmou que a retirada do forward guidance não significa necessariamente que haverá aumento automático de juros.

"A manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas, o que não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo extraordinariamente elevado [juros baixos] frente às incertezas quanto à evolução da atividade", ressaltou a ata.

Com maior tendência a subir juros no próximo ano, o país pode atrair mais capital estrangeiro, fazendo com que o real se valorize e o dólar caia.

No cenário externo, o BC afirma que a baixa atividade econômica por período prolongado, associada ao juros baixos nas principais economias cria um ambiente favorável a países emergentes.

"A presença de ociosidade, assim como a comunicação dos principais bancos centrais, sugere que os estímulos monetários terão longa duração, permitindo um ambiente favorável para economias emergentes", disse o texto.

Para o BC, a segunda onda em algumas das principais economias deverá afetar a atividade econômica no curto prazo. No entanto, os resultados promissores nos testes das vacinas contra a Covid-19 tendem a trazer melhora da confiança e normalização da atividade no médio prazo.

O BC reiterou que a importância da continuidade das reformas econômicas, em tramitação no Congresso.

"O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia", disse.

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