Publicado em 28 de outubro de 2020 às 18:11
Na antepenúltima sessão do mês, o receio sobre os efeitos econômicos da segunda onda de Covid-19 na Europa bateu forte à porta da B3, levando o Ibovespa a limitar o avanço em outubro a apenas 0,81%, após ter chegado a se aproximar de 8% na semana passada, perto então dos ganhos mensais observados entre maio e julho, quando se firmava recuperação iniciada em abril. Nesta quarta-feira, o índice da B3 fechou na mínima do dia, em queda de 4,25%, aos 95.368,76 pontos, no menor nível desde 2 de outubro (94.015,68), elevando as perdas na semana a 5,82% e as do ano a 17,53%. Reforçado, o giro financeiro chegou nesta quarta-feira a R$ 29,6 bilhões. >
A perda de quase 6% na semana é até aqui a pior desde o tombo de 18,88%, o maior da crise pandêmica, observado no intervalo entre 16 e 20 de março, no início da quarentena. Desde o fechamento de 30 de abril (-3,20%), o Ibovespa não encerrava o dia em queda superior a 3%, e, na reta final de hoje, acentuou as perdas além de 4%: foi a maior baixa em porcentual desde 24 de abril (-5,45%). No encerramento, as perdas em Nova York chegaram a 3,73% (Nasdaq) e, na Europa, a 4,17% (DAX, de Frankfurt).>
Na B3, destaque nesta quarta-feira para perdas de 6% em Petrobras (PN -6,09% e ON -6,14%), e de 3,63% para Vale ON, enquanto, nos bancos, chegaram a 6,02% (Bradesco ON) e nas siderúrgicas, a 7,74% (Usiminas). Na ponta do Ibovespa, Cielo cedeu 11,66%, à frente de CVC (-9,88%) e Azul (-9,58%). Nenhuma ação do Ibovespa conseguiu fechar o dia em alta.>
A percepção de risco sobre a segunda onda de Covid-19 no velho continente, onde Alemanha e França avaliam novas iniciativas para coibir a retomada da pandemia, impôs-se com intensidade desde a manhã. Nesta tarde, a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou que para evitar propagação maior do coronavírus, bares e restaurantes ficarão fechados em novembro, assim como teatros, cinemas e academias, por um mês - escolas, lojas e centros de cuidados diários permanecerão abertos. Segundo Merkel, as medidas são necessárias para evitar emergência de saúde pública grave: a Alemanha registrou quase 15 mil casos de covid-19 da terça para a quarta, o maior avanço diário desde o início da pandemia.>
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"Nos primeiros minutos de hoje, o Ibovespa perdia o suporte de 98,3 mil, já abaixo da referência anterior, de 99,5 mil, do fechamento de ontem. Agora, o suporte está aos 95,4 mil e, se perdê-lo, a linha seguinte está aos 93,5 mil pontos", observa Rodrigo Barreto, analista gráfico na Necton. "Nestas últimas quatro sessões, negativas, o Ibovespa saiu de um ganho que se aproximava de 8% para menos de 1% no mês", acrescenta o analista, referindo-se à volatilidade em Nova York, com o VIX a 40 pontos, como um fator a que nenhuma bolsa consegue ficar imune. "Outubro parecia que ia terminar melhor, mas veio água no chope.">
Além da segunda onda de pandemia na Europa enquanto os EUA ainda não conseguem diminuir o número de casos, a eleição americana permanece como fator de incerteza a ser ponderado pelos investidores nos próximos dias e semanas.>
Após a frustração com a falta de entendimento entre republicanos e democratas sobre novo pacote de estímulos fiscais, a dosagem das medidas, quando e se vierem a se materializar, é outro fator de dúvida: não pode ser tímida a ponto de não produzir efeito, nem exuberante a ponto de levantar questões quanto ao endividamento americano.>
"A expectativa é de que a volatilidade continue e, caso a pior combinação se concretize, o Ibovespa pode tomar o caminho dos 80 mil pontos", diz Renato Chain, economista da Parallaxis Economia "Além da segunda onda na Europa, a pandemia segue em curso nos EUA, com piora no Centro-Sul do país - o que no momento não tem chegado à atenção do mercado, concentrado na eleição americana", acrescenta.>
"A turbulência pode piorar caso se confirme a derrota de Trump para Biden e o resultado, conforme se espera, seja questionado pelo presidente, atrasando definição. Se Biden ganhar, a situação também não fica boa para o Brasil, tendendo a estar ainda mais isolado, politicamente, num momento em que nossos fundamentos já afastam o investidor estrangeiro", conclui o economista.>
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