Publicado em 12 de março de 2021 às 13:53
- Atualizado há 5 anos
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (12) que, quanto mais pessoas viverem "de favor" do Estado, mais dominada elas estão.>
A declaração, dada a apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, não era uma referência ao auxílio emergencial pago no ano passado por seu governo e que terá nova rodada lançada nos próximos dias.>
Em sentido oposto, Bolsonaro tem dito que a iniciativa que catapultou sua popularidade no ano passado é "o maior programa social do mundo".>
A crítica, registrada e transmitida por um canal de vídeo simpático ao presidente, foi direcionada a governadores que criaram benefícios em seus estados.>
>
"Você vê que tem governador agora que está falando em auxílio emergencial, né, querem fazer o Bolsa Família próprio. Quanto mais gente vivendo de favor de Estado, mais dominado fica este povo", disse Bolsonaro.>
No início deste mês, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), aliado de Bolsonaro, sancionou o Supera Rio, auxílio emergencial do estado. O programa fluminense prevê o pagamento mensal de até R$ 300 para cerca de 400 mil moradores do estado abaixo da linha da pobreza ou desempregados.>
No Ceará, o governador Camilo Santana (PT) anunciou na semana passada que pagará um auxílio de R$ 1.000 -duas parcelas de R$ 500- a profissionais de eventos, bares e restaurantes. Este é um item do pacote lançado pelo governador, que inclui também a isenção da conta de água de cerca de 493 mil famílias nos meses de abril e maio.>
No plano federal, a Câmara aprovou na madrugada desta sexta a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial com medidas de ajuste fiscal que servem de contrapartida à liberação da nova rodada do auxílio emergencial.>
O limite estabelecido pela PEC para o pagamento da assistência em 2021 é de R$ 44 bilhões, que ficarão fora do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação.>
A promulgação do texto deve acontecer somente na semana que vem. Com isso, a publicação da MP (medida provisória) com as regras do auxílio também ficará para a próxima semana.>
Caberá à MP definir todos os detalhes e critérios para a nova rodada do benefício. As parcelas devem ser variáveis, a depender da composição familiar. A última versão da medida previa valor padrão de R$ 250 por quatro meses. Mulheres chefes de família devem receber R$ 375, enquanto o pagamento para pessoas que vivem sozinhas deve ficar em R$ 150 -o ministro Paulo Guedes (Economia) chegou a mencionar o valor de R$ 175 para esses beneficiários.>
No ano passado, foram pagas cinco parcelas de R$ 600 e outras quatro de R$ 300. O pagamento fez disparar a popularidade de Bolsonaro.>
Em 2021, não houve pagamento de nenhuma parcela. Este fato, somado ao aumento do número de mortes por Covid-19 e a escassez de vacinas, atingiu a popularidade do presidente, segundo pesquisas que chegam ao Palácio do Planalto e aferição nas redes sociais.>
Diante deste cenário, o governo deu início do "Plano Vacina", uma espécie de prestação de contas do que foi feito até agora pelo Executivo.>
Em sua live de quinta-feira (11), Bolsonaro acenou para sua base ideológica com mentiras e insinuações envolvendo as Forças Armadas, além de críticas a medidas restritivas -ele chegou a ler uma carta de um suposto suicida- e a governadores que estão limitando a circulação em seus estados.>
Ele tem se referido às iniciativas de prefeitos e governadores para tentar conter a disseminação do novo coronavírus como "estado de sítio", tachando quem toma as medidas de ditadores.>
"O pessoal vai de vagar, de vagar, tirando seus meios, tirando tua esperança, tirando teu ganha pão, você passa a ser obrigado a ser sustentado pelo estado", afirmou.>
Bolsonaro também passou a cobrar explicitamente que seus seguidores o apoiem. Nesta sexta, ele voltou a pedir reconhecimento.>
"Minha senhora, presta atenção em uma coisa. O pessoal tem que reconhecer o sacrifício que a gente faz, tá? Então, o pessoal tem que saber o que que está em jogo, o que que ele pode perder. E não esperar que uma pessoa resolva os seus problemas. Este problema é de todos nós, ok?", disse o presidente.>
Eleito e sustentado pela disseminação de informações nem sempre verdadeiras pelas redes sociais, Bolsonaro também reclamou que "os mais virulentos são os guerreiros digitais, no teclado de telefone".>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta