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BNDES ainda não adotará medidas para enfrentar crise

BNDES ainda não adotará medidas para enfrentar crise

Segundo o presidente do banco, o papel do BNDES neste momento será manter abertas suas linhas de crédito

Publicado em 11 de março de 2020 às 17:02

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Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). (Arquivo | Agência Brasil)

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, disse nesta quarta-feira (11) que o banco não adotará por enquanto medidas contracíclicas para enfrentar a crise financeira gerada pelo surto de coronavírus e agravada pela guerra de preços do petróleo.

Segundo ele, o papel do BNDES neste momento será manter abertas suas linhas de crédito, mas sem alterações nem em taxas de juros nem em prazos de carência ou de financiamento. Ele ressaltou, porém, que essa é uma posição do momento e não é possível fazer projeções futuras.

"O maior papel contracíclico que a gente tem é manter nossas linhas abertas e inalteradas", disse Montezano, em entrevista coletiva para apresentar o lucro recorde de R$ 17,7 bilhões registrado em 2019. "Hoje, a gente não vê necessidade [de medidas para ampliar a liquidez]."

A adoção de medidas contracíclicas para enfrentar a crise opõe economistas no país. Montezano argumenta que a taxa de juros cobrada pelo banco, a TLP, está hoje em 5,09%, muito próxima do patamar mais baixo já verificado em empréstimos subsidiados, em torno de 5%.

Ele acrescentou que não percebeu ainda retração no mercado de crédito. "O que a gente vê no mercado brasileiro é a liquidez fluindo, os empréstimos saindo e os próprios bancos comerciais vendo isso como oportunidade de adquirir novos clientes."

Na entrevista, a direção do BNDES defendeu que o cenário atual reforça a estratégia de reduzir o tamanho da carteira de ações do banco, o principal motivo para o lucro recorde de 2019. Ao carregar a volatilidade da carteira, disse Montezano, o BNDES também sofre efeitos da crise.

"Quando o banco lucra com ações, a sociedade não ganha, mas numa crise como essa, em que perdemos na segunda feira R$ 12 bilhões em um dia, isso sim, em um cenário mais crítico, pode afetar a capacidade do banco", afirmou o executivo.

Segundo ele, apesar dos pagamentos antecipados ao Tesouro, o BNDES tem hoje uma condição de liquidez "bem confortável", com R$ 140 bilhões em caixa para atender a eventuais aumentos na demanda por financiamento. 

"As linhas continuam abertas, não há qualquer alteração de critério, não há qualquer interrupção de fluxo. Se houver aumento no número de clientes em busca de alternativas de liquidez, estamos preparados para receber."

A crise deve impor maior cautela na antecipação de pagamentos ao Tesouro, que em 2019 somaram R$ 100 bilhões, além dos R$ 23 bilhões e pagamentos previstos. As parcelas que vencem em 2020 somam R$ 17 bilhões e não há decisão sobre valores adicionais.

Montezano disse que, diante da crise, o pagamento não deve ser realizado de uma só vez, mas segundo o cronograma de parcelas, para permitir uma avaliação da evolução do cenário.

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Ao fim da entrevista, o presidente do BNDES ressaltou, porém, que não gostaria de descartar a possibilidade de ações contracíclicas, diante das incertezas em relação à crise atual. "Se porventura, a gente ver a necessidade de aportar mais liquidez, a gente vai discutir isso."

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