Publicado em 1 de julho de 2025 às 15:43
BRASÍLIA - A AGU (Advocacia-Geral da União) encaminhou uma ação ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (1º) com pedido de declaração de constitucionalidade do decreto presidencial que alterou as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).>
Na mesma ação, a AGU também requer, em caráter liminar, o reconhecimento da inconstitucionalidade do decreto legislativo que suspendeu os efeitos do ato do Executivo.>
O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou em pronunciamento a jornalistas que o decreto com a elevação do IOF é constitucional e não poderia ter sido suspenso pelo Congresso Nacional.>
"A avaliação técnica dos nossos advogados, submetida ao presidente da República [Lula], foi que a medida adotada pelo Congresso Nacional acabou por violar o princípio da separação de Poderes", disse.>
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"Nossa conclusão é que o decreto presidencial é constitucional, válido, hígido, não poderia ter sido objeto de PDL [Projeto de Decreto Legislativo]", acrescentou.>
A AGU pediu ao STF que o relator da ação seja o ministro Alexandre de Moraes, que já é relator de outras duas ações com objeto semelhante em tramitação na corte.>
A decisão de brigar na justiça foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que solicitou que a AGU elaborasse recursos ao STF para reativar o decreto.>
A orientação do presidente foi dada a Messias na noite da quinta-feira (26), durante reunião que contou com a presença da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. >
Antes mesmo da votação do Congresso, o governo já sinalizava com a possibilidade de judicializar o assunto, mas uma ala defendia a construção de uma solução política. Aliados do presidente chegaram a defender um esforço para evitar novo confronto entre a cúpula do Congresso e o Supremo.>
Messias reforçou que o enfoque da discussão no Supremo será "estritamente jurídico" e que o governo federal fará um esforço para que seja retomada a normalidade institucional.>
"As portas da política sempre estiveram abertas e continuarão abertas", disse. Segundo ele, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foram avisados previamente da decisão do presidente Lula.>
O advogado-geral da União negou que o governo esteja "colocando em xeque" as decisões do Congresso. "O que nós estamos realizando aqui, na verdade, é um ato absolutamente necessário com uma preocupação e um enfoque estritamente jurídico", afirmou.>
Messias também destacou que é dever da AGU alertar ao chefe do Executivo quando há o entendimento de que houve uma violação de sua competência. "Nós não podemos deixar de adotar as medidas jurídicas em razão das questões políticas. É nosso dever como Advocacia-Geral da União", disse.>
Lula ficou irritado com a condução do presidente da Câmara, que informou pelas redes sociais a decisão de levar a matéria a voto no dia seguinte. O presidente teria classificado o gesto como uma traição. Motta negou traição ao governo no episódio do IOF e criticou o discurso do Executivo por alimentar "polarização social".>
De acordo com o advogado-geral da União, a decisão tomada por Lula foi "madura" e "refletida". "Não é uma decisão adotada no calor da emoção, fruto de um embate político, não", destacou.>
Já há duas ações sobre o tema no STF, apresentadas pelo PL e pelo PSOL, com pedidos opostos. O presidente da corte, Luís Roberto Barroso, encaminhou a ação do PSOL para retomar o decreto com mudanças no IOF ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que será relator do caso.>
Messias também buscou diferenciar a proposta feita pela AGU das outras ações sobre o tema no STF. Segundo ele, a ação do PSOL busca atacar de maneira "direta" e "frontal" o ato do Congresso Nacional, enquanto a ação do governo Lula age em favor do ato adotado pelo presidente da República.>
"É do interesse de qualquer governo saber quais são os limites da sua atuação na condução da política econômica e da política tributária", disse.>
"Ele [Lula] só concluiu que seria necessário levar esta questão ao Supremo após ter clareza de que os atos foram regulares, de que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme, é pacífica em defender a atribuição do presidente da República na matéria tributária. Portanto, nós estamos muito tranquilos com o que estamos apresentando", acrescentou.>
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