Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

COE: investimento é queridinho no exterior, mas mal falado no Brasil

O ativo é uma forma de empacotar diversos tipos de papéis. No entanto, nem sempre é bem aplicado. Saiba quando apostar

Investimentos financeiros: entre as opções no mercado está o COE. Mas nem todo investidor entende a proposta
Investimentos financeiros: entre as opções no mercado está o COE. Mas nem todo investidor entende a proposta. Crédito: PV Productions/Freepik

Segundo a B3 – br3.com.br, o “O Certificado de Operações Estruturadas - COE é um instrumento inovador e flexível, que mescla elementos de renda fixa e renda variável. Traz ainda o diferencial de ser estruturado com base em cenários de ganhos e perdas selecionadas de acordo com o perfil de cada investidor”.

Trocando em míudos, o COE é uma forma de “empacotar” um grupo de ativos e/ou derivativos, um veículo financeiro que condensa outros instrumentos na formação de uma estratégia específica. Na prática, o COE serve para criar formas de alocações diversas, das mais simples às mais complexas, desde a renda fixa até a renda variável, ou uma combinação disso tudo, no Brasil ou no exterior.

Sua flexibilidade traz a possibilidade de adicionar regras especiais, que vão desde a proteção do capital até o aumento do lucro em determinadas condições. Nada disso ocorre sem uma compensação na outra ponta. Um exemplo é que a proteção do capital contra perdas geralmente terá como compensação um menor lucro máximo dentro da estrutura ou a diminuição do retorno em alguns cenários.

Talvez a maior virtude do COE seja proporcionar a alocação em estratégias que não poderiam ser desenvolvidas sem a adoção de instrumentos mais complexos. E como o COE pode ser emitido por instituições no Brasil ou no exterior, é muito útil para alocar em investimentos baseados nos mercados internacionais e bastante popular nos EUA e na Europa. O mundo do COE é vasto e cheio de possibilidades.

Então, como explicar o fato de que o COE, tão popular em mercados mais desenvolvidos que o nosso, é um produto de investimento que já foi “mal falado” por alguns formadores de opinião e objeto de piadas e memes nas redes sociais? Onde está o problema? E voltando à pergunta que fizemos anteriormente: o COE é bom ou ruim?

Para responder esta questão, é preciso lembrar que não se pode afirmar, de forma genérica, que ações, renda fixa, fundos de investimento ou COEs são bons ou ruins, pois cada classe tem seu valor dentro da sua especificidade. Sua aplicação depende da estratégia que se busca, do perfil do investidor e dos seus objetivos. O que é ruim para uma pessoa pode ser bom para outra. É por isso que cada tipo de investimento, incluindo o COE, pode ser adequado ou não, dependendo da situação.

Outra questão a ser lembrada é que qualquer produto de investimento tem custos, e não é diferente com o COE. Se o COE for caro para quem investe (e muitas vezes essa informação pode não estar disponível para o investidor), isso sairá da rentabilidade final, tornando o produto ruim. Assim como um CDB com taxa muito baixa é ruim, e um fundo com taxa de administração alta demais também.

Como o COE geralmente tem prazo mais longo (mas nem sempre), não costuma ser líquido e atende a uma estratégia específica, muitas vezes tendo algum risco em sua estrutura e podendo ser caro (ou não) para o investidor. Não é um produto para ser a base de uma carteira de investimentos, via de regra. O COE, assim como todos os produtos de investimentos, não é um fim, mas um meio, desde que tenha qualidade na sua estruturação e custos adequados e faça parte de uma estratégia de investimentos pensada para o investidor.

Utilizar o COE como um meio para atingir determinado objetivo específico, com regras e recompensas satisfatórias, e transparência sobre as características do produto, observando estratégia e perfil do investidor, é o ideal, assim como com qualquer outro produto de investimento.

Por outro lado, alocar em COE de forma cega e excessiva, principalmente os COEs de prazos mais longos, pode gerar uma “esterilização” da carteira de investimentos, por conta da dificuldade de sair ou vender antecipadamente o produto no mercado, se houver necessidade de liquidez. Se o retorno da carteira de COEs não for satisfatório, geralmente há pouca coisa a fazer, senão esperar.

Caso o investidor esteja sobre-alocado em COEs, precisa reavaliar os motivos disso ter ocorrido e procurar entender o que isso acarretará na sua estratégia. O COE precisa interessar ao investidor, antes de qualquer coisa. Se o investidor olhar para a sua carteira de investimentos repleta de COEs e sentir desconforto, é um sinal de que algo está errado.

Portanto, o problema não está no COE, principalmente se entendemos que ele pode ter utilidade e servir para uma finalidade. O problema está em deixar de olhar primeiro para o interesse do investidor, o que é a raiz de todos os problemas, na verdade.

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