Ph.D em Contabilidade, consultora de empresas em Ciência de Dados e negócios, professora da Fucape Business School, jornalista e comentarista da CBN Vitória

Dívida das famílias bate recorde e surge nova geração de endividados crônicos

O endividado crônico é o consumidor que atrasa suas contas, entra no rotativo do cartão, tem empréstimo em financeira. Consegue limpar o nome, mas depois volta a repetir os mesmos hábitos, como um círculo vicioso

Vitória
Publicado em 17/06/2022 às 11h33

A inflação a galope que corrói a renda familiar e os juros em alta que tornam os empréstimos mais caros são dois ingredientes explosivos e essenciais para criação de uma geração de “endividados crônicos” no Brasil.

O endividado crônico é o consumidor que atrasa suas contas, entra no rotativo do cartão, tem empréstimo em financeira. Consegue sair da roda-viva em algum momento do tempo, mas depois volta a repetir os mesmos hábitos, como um círculo vicioso.

Esse consumidor escolhe atrasar contas de luz e água, compromissos cotidianos, a atrasar a parcela do financiamento no banco ou financeira. Dados do Serasa mostram que o valor médio das dívidas em atraso das famílias brasileiras é superior a R$ 4 mil. A última consequência é ter o nome negativado nos serviços de proteção ao crédito.

Quase oito em cada dez famílias brasileiras estão com alguma conta vencida (prestação de carro, imóvel, gastos parcelados no cartão, água, luz, etc.), segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). É um recorde histórico, desde o início da série que começou em 2010. Os atrasos no pagamento das contas ultrapassam 90 dias em mais de 80% dos casos de endividamento.

dívidas
Dívidas acumuladas. Crédito: IStock

ROTATIVO É CILADA!

Não é surpresa que muitas contas não pagas são relacionadas às compras de alimentos do mês, feitas com cartões de crédito. A elasticidade preço-demanda do alimento é baixa: ninguém consegue deixar de comer quando os preços estão altos. É uma necessidade essencial. O que muitas famílias têm feito é fazer as compras do supermercado no cartão de crédito e entrar no chamado rotativo, o vilão do empréstimo sem garantia, que envolve juros de 340% ao ano.

Ou seja, o rotativo é a pior das ciladas financeiras. Crédito caríssimo e que se transforma em uma bola de neve financeira difícil de conter. Nos últimos 12 meses, brasileiros tomaram R$ 18 bilhões por mês em crédito rotativo. Para se ter uma ideia da relevância desse valor, R$ 18 bilhões é quase três vezes a receita que os times de futebol da série A do Campeonato Brasileiro auferiram em toda a temporada de 2021.

DICAS PARA SAIR DO VERMELHO

A dica aqui é sair do círculo vicioso de endividamento crônico. Comece verificando se você está com nome sujo. A loja, financeira ou banco credor envia carta avisando primeiro que seu CPF será negativado. Geralmente, o prazo de negociação da dívida ou de quitação é de dez dias antes do nome chegar ao cadastro negativo. Consulte Boa Vista SCPC, Serasa e SPC Brasil, pela internet, nos sites oficiais.

Busque renegociar. Procure o credor. Tente um abatimento nos juros. Reparcele. Mas assuma compromissos que sejam possíveis de serem pagos no tempo, ou seja, não assuma o risco de renegociar, limpar o nome e depois cair de novo no cadastro negativo.

Não existe outra saída: se as contas estão altas, ou você trabalha mais para ter mais receita ou você gasta menos para honrar compromissos. Tendo isso em mente, você evita comportamentos crônicos de endividamento. Em resumo: reduzas despesas de streaming e lazer (pelo menos até as dívidas serem honradas); troque créditos caros por baratos (faça portabilidade!); não tenha múltiplos cartões de crédito, um só basta, e só o utilize se de fato for necessário nesse momento de saída do vermelho.

Seu nome só vai desaparecer do crédito negativo depois que você renegociar ou quitar a dívida. Não, não é necessário quitar toda a dívida. Basta renegociar e firmar um novo compromisso de pagamento no tempo. E cumprir a promessa com disciplina.

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