Ph.D em Contabilidade, consultora de empresas em Ciência de Dados e negócios, professora da Fucape Business School, jornalista e comentarista da CBN Vitória

Almoçar fora ou comprar no supermercado: o que dói menos no bolso?

Os gastos com alimentação se tornaram ponto crítico do orçamento doméstico.  Faça as contas e não gaste por impulso. Confira as dicas

Vitória
Publicado em 16/07/2022 às 09h11

Notícias sobre o efeito da inflação no bolso do consumidor não param de chegar: o índice oficial de inflação (IPCA) já rompeu a barreira dos 10% ao ano desde 2021, e a política fiscal brasileira dá sinais de que a alta de preços não dará trégua, após a distribuição de auxílios emergenciais acima do teto orçamentário à população.

Estimativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) diz que as famílias beneficiadas pretendem gastar mais da metade do auxílio em compras com supermercados. Ao distribuir renda sem previsão no orçamento, o Estado escolheu expansão monetária em detrimento do corte de gastos públicos. Desse jeito, o dragão inflacionário não vai embora tão cedo.

Assim, os gastos com alimentação tornam-se ponto crítico do orçamento doméstico, para as famílias que querem evitar gastos excessivos ou o endividamento crônico. Nesse atual patamar de preços, vale a pena botar na ponta do lápis algumas simulações: almoçar fora ou comprar no supermercado? Suponha que estamos falando de uma família com três membros, que comem em média 300g de alimento no almoço cada um.

  • Se a família gasta R$ 2.000 por mês de supermercado e consome o equivalente a uma botija de gás de cozinha ao preço de R$ 112. Vamos assumir que 70% dos gastos com supermercado sejam voltados para o almoço. É razoável pensar assim, uma vez que as carnes são produtos de preço relevante no orçamento, e elas são consumidas durante o horário do almoço. Nesse caso, o custo por cabeça será de R$ 578 mensais. 
  • Se essa mesma família decidir comer fora 30 dias no mês, em um self-service cujo quilo sai por R$ 65, ela vai gastar R$ 585 por cabeça no período. Nesse caso, o supermercado e o self-service quase empatam em custo.
Picadinho Joaquim, servido no almoço executivo do Empório Joaquim, em Vitória
Os gastos com alimentação se tornaram ponto crítico do orçamento doméstico. Crédito: Olivier Schochlin/Divulgação

Vamos repetir a mesma simulação, mantendo-se tudo mais constante, à exceção dos gastos com supermercado.

  • Agora essa mesma família com três membros vai gastar R$ 1.500 por mês levando alimentos para casa em vez dos R$ 2.000 anteriores. 
  • Nesse caso, o supermercado sai mais barato (R$ 462 mensais por cabeça versus os R$ 585 do self-service), uma diferença negativa de 21%. 
  • Os gastos com supermercado serão ainda menores que os gastos com o self-service nessa mesma simulação, se o consumo do gás de cozinha fosse R$ 60 mensais (diferença de 30%). Nesse caso, o supermercado sairia por R$ 410 mensais por cabeça, enquanto o self-service custaria os mesmos R$ 585. O supermercado ganha.
  • Agora se você gasta ainda menos no supermercado: suponha um gasto mensal de R$ 1.200 para essa família com compras na gôndola, tudo mais constante, inclusive o gasto de R$ 112 mensais com gás de cozinha. 
  • O self-service nesse caso perde para o supermercado: o primeiro sai por R$ 392 mensais por cabeça; o segundo custa R$ 585 mensais por cabeça. Em resumo, nesse caso, o varejo sai 33% mais barato que o almoço fora.

A planilha a seguir ajuda você a fazer a simulação ideal para sua realidade. Ela é uma simplificação, claro, não leva em conta os quilos de alimento que você está levando para casa do supermercado, apenas considera gastos possíveis. 

Minha sugestão final é: faça as contas e não gaste por impulso. Os tempos não permitem. Em breve, sejamos otimistas, essa inflação ficará para trás, assim como a hiperinflação dos anos 80 (lembra!?) está hoje apenas nos livros de história.

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