Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

Renda fixa, ações, fundos: qual a melhor aplicação do momento?

Mesmo agora, quando a renda fixa reina soberana na maioria das carteiras, é preciso analisar as decisões que são relevantes para cada investidor, dependendo dos seus objetivos e da sua demanda por liquidez

Publicado em 22/05/2023 às 08h52

No nosso dia a dia, nos deparamos, com frequência, com frases do tipo: "Eu quero o que vai render mais!" Na época de juros baixos, quando a Selic estava abaixo dos 6% e por boa parte do tempo abaixo da inflação, a grande maioria corria das aplicações mais seguras pelo baixo retorno oferecido naquele momento.

Até mesmo produtos intermediários, como os fundos multimercados, eram sumariamente descartados. Criou-se um apetite ao risco inadequado pela maior parte dos investidores. Com a virada do mercado —  que aconteceu de meados de 2021 para cá —, aprendeu-se, de forma amarga, que tomar risco pode ser pior do que aceitar um baixo retorno nas aplicações mais seguras.

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O ideal sempre é a diversificação na hora de investir, respeitando o perfil do cliente. Crédito: Pexels

Hoje, temos o tesouro Selic, os fundos de renda fixa e os títulos bancários (CDBs, LCIs e LCAs) oferecendo retornos superiores a 1% a.m. em muitos casos, o que deixa a maioria satisfeita. Porém muitos ainda entendem ser possível obter ganhos muito superiores e sem volatilidade nos investimentos, o que é um equívoco.

A melhor aplicação financeira do momento não é universal. Não existe um investimento, seja ele qual for, que será o mais adequado para todo mundo. Cada pessoa tem a sua melhor aplicação do momento, pois ela tem de respeitar fatores como liquidez, tolerância à volatilidade e potencial de retorno.

Alguém que tenha uma determinada quantia reservada para viajar, trocar o carro ou o apartamento num prazo de tempo de alguns meses não pode se aventurar em aplicações de renda variável; deve buscar o porto seguro da renda fixa. Já um jovem poupando para aposentadoria pode, sim, concentrar mais seu portfólio em renda variável com foco em dividendos, através dos fundos imobiliários e de ações de companhias sólidas e com boas perspectivas de crescimento de lucros. Logo, sempre é fundamental se estudar caso a caso.

Outro ponto relevante é ter um planejamento. Saber onde se quer chegar é muito importante, para que se possa medir o desempenho durante a jornada: qual quantia se deseja acumular? Em quanto tempo? Quanto é possível poupar mensalmente para fazer o bolo crescer mais rápido?

Sem esse direcionamento, ficará sempre um sentimento de frustração, principalmente nos tempos de bonança, pois sempre se poderia ter concentrado as aplicações no que foi o melhor no passado recente. A questão é: hoje, o passado é sabido; há 2 anos, ele era futuro e não havia como ter certeza de que tudo aconteceria como aconteceu.

Mesmo em tempos em que a renda fixa reina soberana na maioria das carteiras, temos decisões que são relevantes para cada investidor, dependendo dos seus objetivos e sua demanda por liquidez: 

  • Aplicar em títulos pós-fixados (que acompanham a taxa Selic), prefixados ou indexados à inflação?  
  • Aplicar os recursos com carência (prazo para se poder resgatar a aplicação) de 6 meses, 1 ano, 2 anos ou até mais? 
  • Em geral, quanto maior o prazo de carência, maior a taxa de juros; 
  • Aplicar em títulos diretamente ou em fundos? Fundo de previdência pode ser o mais interessante? 
  • Aplicar em títulos públicos ou em títulos de crédito privado? 
  • Aplicar em produtos sujeitos à marcação a mercado, que apresentam volatilidade e até mesmo retorno negativo em certos momentos, ou produtos marcados na curva, em que o saldo cresce uniformemente de acordo com a taxa contratada?

Citei aqui apenas algumas questões que são relevantes para uma decisão acertada em aplicações de renda fixa, para as quais seu gerente e banco ou assessor de investimentos deve estar atento e oferecendo a melhor orientação. Olhar apenas o retorno dos últimos 12 meses ou uma taxa alta do CDI, como é normal na maioria dos casos, é um erro grande ao se decidir por uma aplicação, assim como concentrar em poucos produtos todo o valor investido. O ideal sempre é a diversificação, respeitando o perfil do cliente.

Assim, a resposta para o título desta coluna será sempre um: depende. Vamos estudar o seu perfil e ver a melhor carteira diversificada para o momento, que poderá ter renda fixa, ações, fundos, algum produto dolarizado, sem a pretensão de prever o futuro com apostas altas em cenários que podem não se confirmar.

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