Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

CDBs, LCIs, LCAs, contas remuneradas: afinal, onde investir?

O planejamento financeiro pode ajudar a alocar o seu dinheiro corretamente, observando liquidez e taxa de juros, por exemplo

Publicado em 13/03/2023 às 10h26

Quando o assunto é renda fixa, estas letrinhas, CDBs, LCIs e LCAs, em geral, são confusas para o investidor iniciante, mas não se preocupe. Na prática, são apenas nomes. CDBs são os certificados de depósitos bancários; LCIs são Letras de Crédito imobiliário, e as LCAs, do agronegócio.

A vantagem dessas duas últimas é a isenção de imposto de renda. Na prática, para nós que investimos, o que importa é que os três são títulos de renda fixa emitidos pelos bancos para captar recursos e são garantidos pelo fundo garantidor de crédito até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição. Então, não se preocupe se há alguma parte mais técnica que você precisaria entender, pois, na realidade, não há.

Fundos de investimento; renda fixa; dinheiro
Taxas e tempo do investimento vão influenciar nos ganhos financeiros. Crédito: Feodora Chiosea/Getty Images/iStockphoto

Qualquer título bancário com alta liquidez deverá ser utilizado apenas para aquela parte do seu capital que corra o risco de demandar um resgate a qualquer momento, como sua reserva de emergência ou de oportunidade: o dinheiro separado para trocar o carro, para fazer uma festa, uma viagem e outras coisas assim. Logo, não é muito relevante, no planejamento financeiro, o retorno desse tipo de aplicação, pois, em geral, se tem aqui um valor menor e que ficará aplicado por pouco tempo.

Suponhamos que, em outubro do ano passado, você tivesse disponível para aplicar um CDB de 110% do CDI e a parcela do seu capital que demandava liquidez era de R$ 50 mil. Se você fizesse a aplicação e a resgatasse agora no fim de fevereiro, seu retorno líquido de imposto de renda teria sido de R$ 2.271,60.

Já numa conta remunerada que pagasse 100% do CDI, você teria R$ 2.059,17; como pode ver, apenas R$ 212 de diferença, aproximadamente. O importante aqui é a taxa, você deve estar sempre atento se há ofertas na sua plataforma de investimento de CDBs com taxas maiores do que os 100% do CDI que, em geral, são oferecidos pelas contas remuneradas.

As LCIs e LCAs, normalmente, possuem prazo e carência mínimos de 3 meses; logo, para a reserva de emergência não são o ideal, porém para aplicações de curto prazo são interessantes e entregarão retorno maior em função da sua isenção do imposto de renda. No exemplo acima, teríamos R$ 2.331,59. Então, se é possível esperar a carência de 3 meses, as LCIs e LCAs seriam as melhores opções, mas lembre-se sempre de negociar uma boa taxa, de preferência igual ou maior que 90% do CDI.

No entanto, veja que muito investidores estão cometendo o equívoco de, em função das taxas de juros elevadas, alocarem todo ou grande parte do seu capital em títulos de curto prazo ou em fundos de renda fixa de liquidez, o que é um erro. Temos no momento a oportunidade, principalmente para os mais conservadores, de garantir este cenário atual de juros altos por anos, seja com CDBs de prazo mais longo, seja com títulos do tesouro.

Um planejamento financeiro correto demandará um estudo de qual parcela do capital poderia ser aplicada com vencimentos mais longos, entre 1 e 5 anos. O investidor tem hoje, à disposição, CDBs pagando em torno de 14,5% a.a. fixos ou IPCA + 7% a.a.

Ao manter o grosso do capital em aplicações de curto prazo pós-fixadas e indexadas ao CDI, ele estará exposto ao risco do Banco Central iniciar um ciclo de corte nos juros. E, quem sabe, em um ou dois anos essas taxas não estarão bem menores? Pagando abaixo de 10% a.a? Isso com certeza pode ocorrer, e o bom retorno de hoje não estará presente amanhã.

No entanto, não temos bola de cristal para prever o futuro e, neste caso, devemos sempre fazer uso da diversificação. Assim, uma boa carteira de renda fixa teria uma reserva de liquidez em um CDB, LCI ou LCA ou mesmo conta remunerada (pós-fixadas) e o restante do capital dividido em prazos variando entre 1 e 5 anos (ou até mais) com títulos indexados ao IPCA, prefixados e pós-fixados.

Desse modo, aconteça o que acontecer com a inflação e com a taxa Selic, um bom ganho real médio estará garantido para os próximos anos. Não caia no conforto e na tentação de ficar fazendo e renovando LCIs e LCAs de curto prazo, esperando para ver o que vai ser mais a frente, se o seu perfil é conservador ou moderado, aproveite o momento para garantir taxas de renda fixa altas por alguns anos agora.

Caso você tenha dificuldade ou mesmo não conheça os títulos citados neste artigo, busque uma assessoria de investimentos para te orientar. O momento que vivemos é de oportunidade, desde que você tenha uma carteira preparada para isso.

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