
O ex-vice-prefeito de Ibitirama, Célio Martins Morales, irá a julgamento por feminicídio. A decisão é do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), que negou os pedidos da defesa e manteve decisão que já o havia encaminhado ao banco dos réus pelo crime. Ele foi apontado como o autor do tiro que matou a esposa, Vanuza Spala de Almeida, de 41 anos, em abril de 2023, na cidade localizada na Região do Caparaó, no Espírito Santo.
O recurso foi apresentado após o Juízo da Vara Única de Ibitirama encaminhar Morales para o banco dos réus, em agosto do ano passado. A decisão acompanhou a denúncia feita pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) de que o motivo para o crime foi “torpe”, que Morales tirou a vida da esposa em “razão de sentimento egoístico de posse” e “por ciúmes da vítima”.
E ainda aponta para a possibilidade do crime ter ocorrido “por razões da condição de gênero feminino”, caracterizando o feminicídio.
Além destes pontos, a defesa também questionou o Tribunal de Justiça sobre a não autorização de novas perícias e que alguns laudos teriam sido anexados ao processo após as audiências.
O que não foi aceito pela desembargadora Rachel Durão Correia Lima, que relatou o caso, confirmando decisão do Juízo de Ibitirama ao afirmar que os pedidos eram “meramente protelatórios”. A decisão foi publicada no dia 29 de maio.
Também descartou a absolvição sumária para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e de fraude processual, informando que há “prova nos autos que apontam que o local do crime foi possivelmente alterado”.
O que diz a defesa
A advogada Ana Paula Cesar, que faz a defesa de Morales, assinala que apesar dos pedidos da defesa terem sido negados, a partir de agora irá se concentrar na preparação do júri.
Destaca que o seu cliente é réu em uma ação penal e que todos os casos de homicídio são encaminhados à avaliação do Tribunal do Júri. “Célio Martins Morales ainda não foi condenado. Ele vai enfrentar a banca de jurados, que vão analisar todas as provas e decidir se ele é ou não culpado. Há muitas postagens tratando o caso como se ele fosse um condenado, mas isto não é verdade”, assinala.
Ela afirma ainda que Morales não fugiu para Goiás. “Meu cliente permaneceu no Espírito Santo, precisou se afastar por um tempo, mas dias após o crime se apresentou à polícia”.
O crime
Morales está no Centro de Detenção Provisória de Marataízes desde abril de 2023. Na ocasião do crime a informação era de que ele teria fugido para Goiás, mas se apresentou à Polícia Civil dias após o crime.
Vanuza foi assassinada com um tiro no peito no dia 8 de abril de 2023, em sua residência, na localidade do Córrego Feijão Cru, BR 185, Zona Rural de Ibitirama. Ela foi encontrada na madrugada do dia 9 de abril, no banheiro da residência.
Na ocasião, segundo boletim de ocorrência da Polícia Militar, Morales ligou para familiares e pediu ajuda para que socorressem a esposa e, depois do resgate, deixou o local. O ex-vice-prefeito contou, na ocasião, que a mulher teria atirado contra ela, depois de entrar no banheiro para tomar banho. Vanuza foi socorrida para um hospital, mas chegou à unidade sem vida.
Em sua denúncia o Ministério Público assinala que o réu desferiu o disparo. “Agindo com vontade e determinação de matar, por motivo torpe, tomado pelo sentimento egoístico de posse, desferiu disparo de arma de fogo na região torácica em Vanuza Spala de Almeida, por razões da condição de sexo feminino (envolvendo violência doméstica), causando-lhe a morte”.
Informa ainda que, segundo os socorristas, a vítima e o local estavam relativamente limpos, as roupas estavam molhadas e não havia nenhuma perfuração na roupa da vítima na região do disparo.
O crime, relata ainda a denúncia, ocorreu no contexto de violência doméstica. E diz sobre a vida do casal: “Marcada por uma relação tóxica e conturbada, com coerções psicológicas, abuso físico, restrições e tratamento desumanizador por parte do réu, inclusive com intimidação por meio de armas”.
É dito que Morales deixava a arma sob a mesa como forma de intimidar Vanuza.
O advogado de Morales não retornou aos contatos feitos pela coluna. O espaço segue aberto a sua manifestação.
Atualização
18 de junho de 2025 às 13:52
A advogada Ana Paula Cesar se manifestou sobre a defesa de Celso Martins Morales. As informações foram acrescentadas ao texto.
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