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Após prisão de Marujo, guerra do tráfico pode ser retomada em Vitória

Mortes de dois jovens em Itararé em apenas dois dias foram os primeiros assassinatos na região após prisão de líder do PCV e indicam possível conflito entre traficantes rivais

Vitória
Publicado em 11/04/2024 às 05h00
Guerra do tráfico
Guerra do tráfico. Crédito: Arte - Geraldo Neto

Em dois dias seguidos, moradores de Itararé, em Vitória, viram dois assassinatos darem fim aos dias de tranquilidade que a comunidade comemorava nas redes sociais. Os disparos feitos em via pública e que mataram traficantes rivais são sinais de uma  possível retomada da guerra do tráfico. Os crimes foram os primeiros ocorridos na região após a prisão de Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, em 8 de março, principal liderança de uma das facções criminosas que atuam na área.

O desabafo de um morador nascido e criado em Itararé, cujo nome não será revelado por segurança, resume o desespero com a situação: “Desde que o Marujo foi preso tinham parado com isso. Eu achei que ia parar. Mas se o jovem morto for rival dele, a guerra vai começar, e vamos viver tudo de novo”.

Só nos dez primeiros dias de abril Vitória já registrou cinco homicídios. Em pelo menos três deles há indícios do envolvimento de facções criminosas rivais, sem contar a morte de outro faccionado na Serra. 

A polícia está investigando os casos e analisando o cenário em que elas ocorreram, como explica o delegado da Polícia Civil Romualdo Gianordoli, superintendente de Polícia Especializada. “O que se busca entender é se os fatos são ocorrências isoladas, um desacerto interno das próprias facções, ou se há um contexto de guerra do tráfico”.

Nas comunidades circula a informação de que teria havido um acordo para evitar conflitos e mortes na Capital, fechado entre traficantes do Primeiro Comando de Vitória (PCV) e os  do Terceiro Comando Puro (TCP), liderado pelos irmãos Vera.

A queda no número de homicídios registrados este ano pode ser um reflexo da negociação entre eles, principalmente após a prisão de Marujo. Em janeiro foram 12 casos, e em fevereiro 6. Em março foram dois assassinatos, um antes da prisão do traficante e outro no dia 20. Mas se de fato houve um acordo,  ele não foi respeitado este mês,  que já contabiliza cinco mortes.

Duas delas foram no mesmo bairro e envolvem traficantes rivais. O primeiro caso foi o de Marcos Vinicius Vieira Cravo, 25 anos, cria do bairro Itararé, conhecido como Bigode, há muitos anos envolvido com o tráfico de drogas, e com a organização criminosa Terceiro Comando Puro (TCP).

Relatos à coluna apontam que ele tinha a intenção de reativar uma boca de fumo em Itararé, o que não foi muito bem aceito pelos traficantes do Bairro da Penha, sede da facção de Marujo. Bigode também estava sendo investigado por um homicídio que praticou em Maria Ortiz, área de seus concorrentes do PCV.

Os tiros que o mataram partiram de ocupantes de um veículo que passou pelo local e em seguida fugiu para o Bairro da Penha. Estaria no carro Aleshandre Costa Andrade, 19 anos, e que seria do PCV. Ele acabou sendo morto em uma escadaria nesta quarta-feira (10),  eliminado em uma suposta ação de vingança do TCP.  Fatos que ainda estão sendo investigados pela Polícia Civil.

Nesta terça-feira (09) também ocorreram trocas de tiros em Conquista. O bairro já foi compartilhado pelas duas facções, posteriormente o TCP foi expulso. Após o suposto acordo, os rivais teriam voltado a conviver, mas com o fim do trato, outros cenários se tornaram possíveis. No primeiro dia do mês houve um homicídio no bairro de um jovem de 28 anos.

Em meio aos conflitos em Vitória, um crime na Serra chamou a atenção. Trata-se de uma liderança do TCP, um gerente de boca morto em Jardim Carapina, no domingo (07). Pablo Diogenes Sarmento da Silva dos Santos, o Babé, era porteiro em uma creche do bairro, e foi morto a tiros quando chegava ao trabalho. Morava em Vitória e tinha saído da prisão há pouco tempo.

Ilha do Príncipe e em Joana D'arc registraram dois homicídios, mas não indícios de envolvimento na guerra do tráfico.

Conflito ajudou na prisão de Marujo

Foi justamente a guerra entre o TCP e o PCV, em disputa por território, que fez com que Marujo retornasse ao Estado. Foragido por um longo período, estava escondido no Complexo da Penha, no Rio, de onde administrava, à distância, as operações da facção criminosa. Mas ficou sem apoio no Espírito Santo para manter o controle do tráfico de drogas e dos conflitos com os rivais  após sua equipe ter sido presa.

Ao retornar para Vitória, Marujo acabou vivendo encurralado e foi preso no dia 8 de março, no Bairro Bonfim, na casa de seus pais, em uma operação da Polícia Civil. Desde então haveria uma "disputa" entre alguns membros para ocupar a liderança do PCV.

A situação também anda complicada para os irmãos Vera. No final do ano passado, em operações da Polícia civil, dois deles foram presos:  Luan Gomes Faria, o Kamu; e Gabriel Gomes Faria, o Buti, ambos lideranças do TCP.  Restou somente Bruno Gomes Faria, o Nono, que estaria foragido e comandaria a facção do Rio.  

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