Capixaba metropolitano costuma ter uma noção curiosa do litoral: muitos acreditam que ele começa em Manguinhos e termina em Nova Guarapari, com uma breve reverência às praias de Peracanga e Bacutia. Quando se empolga, menciona Itaúnas, como se fosse uma espécie de ilha lendária. Ora, isso é mais desinformação geográfica que opinião. Eu mesmo já pensei assim.
Até que, em 2022, participei da criação de um condomínio de lotes padrão AAA na Estrada Velha de Iriri. Um produto ousado para a região, que vendeu com surpreendente velocidade. Ali percebi que havia público com renda qualificada e desejo de algo além do tradicional roteiro metropolitano. Desde então, passei a frequentar Anchieta semanalmente. Hoje, tenho residência fixa no balneário mais charmoso do Espírito Santo.
Mas por que tantos capixabas ignoram esse pedaço abençoado do mapa? Porque o Sul do Estado viveu anos de esquecimento. Sofreu duramente com o acidente da Samarco, que tirou mais de 20% dos empregos locais. Ainda assim, o povo é resiliente, reconstruindo a economia com trabalho e investimento
Somam-se à equação: a duplicação da BR-101, que aproxima a região da Grande Vitória e viabiliza novos fluxos logísticos; o ParkLog Sul, entre Anchieta e Cachoeiro de Itapemirim; a expansão da Samarco; o Superporto de Presidente Kennedy; a embrionária EF-118, além de uma expressiva expansão imobiliária. Só em Iriri, hoje, são mais de 30 prédios em construção.
Enquanto muitos continuam olhando apenas até Guarapari, escolhi ajustar o binóculo. Porque prosperidade vai além de metro quadrado: inclui qualidade de vida. Nos grandes centros, vive-se em ritmo frenético. Aqui, o tempo corre em harmonia com a maré. É outra lógica.
Após 35 anos atuando em Vitória, abro agora minha segunda imobiliária na região. Não por especulação, mas por convicção. Iriri é chamado por muitos de Caribe Capixaba. Eu prefiro Principado de Iriri. E se desejarmos desenvolvimento com responsabilidade, vale lembrar: para erguer as catedrais góticas, derrubaram-se os templos romanos.
Fica o registro: o Sul do Espírito Santo não é distante; é o futuro chegando pelo mar e pela BR duplicada.
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