Muitas vezes ouço dizer que imóvel rende menos que aplicações financeiras, que “um cara ficou rico com ações”, que aluguéis rendem somente menos de 1% do valor do imóvel, que imóvel não tem liquidez, entre tantas desinformações sem a menor base de argumentação. O Brasil, segundo recente reportagem da revista Exame, é o terceiro mercado no setor imobiliário que mais se valoriza no mundo.
Para ilustrar a argumentação, usarei um fato verdadeiro, com nomes fictícios, para preservar nossos clientes. Mr. Thomas, pai de dois amigos meus, Henry e Paul, é advogado de conhecida banca. Ao se aproximar do casamento do filho mais novo, é levado a presenteá–lo com um apartamento, no valor de R$ 200 mil.
Henry herdara o estilo “negociante frio” do pai. Para quem tem uma ferramenta como o CRM da rede imobiliária à qual sou filiado, que compõe a carteira de 600 empresas, e que compartilha informações, imóveis, clientes e negócios, a missão pode ser executada, demandando profundo conhecimento do mercado. Reunidos no nosso QG, afinamos a busca e partimos para campo: fizemos 49 visitas. Todas organizadas cirurgicamente.
Finalmente o casal define a compra, um apartamento com apenas quatro anos de construção. Durante um jantar em um restaurante de Vitória, a convite de Mr. Thomas, para celebrar o negócio, falei que ainda havia uma unidade disponível no mesmo prédio.
Ele poderia adquiri-la nas mesmas condições, para que, quando o irmão Paul se casasse, pudesse ter um imóvel igual. O patriarca me confidenciou então que não acharia que Paul fosse se casar: “É um rapaz muito solto, um poeta do asfalto”. O valor do imóvel na ocasião foi fechado em exatos R$ 200.000,00, pagos à vista.
Paul era de fato o autêntico “selvagem da motocicleta”. Mas, em dois anos, conhece num forró de Itaúnas uma bela médica polonesa, de nome Natasha: paixão fulminante. Mr. Thomas mais uma vez é chamado a comparecer na compra de um imóvel para Paul, tal e qual o fizera no casamento de Henry.
Qual é o “budget”? perguntei. “Avelar, não posso ser injusto com meus filhos. Atualizaremos o valor que investi na compra do apartamento de Henry por um índice do CDB, ou outro índice de aplicação segura, e com o resultado você terá o orçamento para iniciarmos a seleção. Precisamos de um apartamento com as mesmas características!”
Pego minha calejada calculadora, lanço os valores, consulto sites especializados em atualização de valores e rapidamente tenho o resultado. “Más notícias, Mr. Thomas. O apartamento do Henry, em local nobre de Jardim Camburi, custou R$ 200.000,00 há dois anos, mas agora um apartamento assim irá custar em torno de R$ 250 a R$ 270 mil, e o valor original, mesmo corrigido pelo CDB, não será suficiente para um imóvel com essas características.”
Ele custou a cair a ficha: “Como assim? E as minhas aplicações no CDB? O mercado financeiro rende mais que o de imóveis!! Se eu tivesse comprado o tal apartamento que você me ofereceu no prédio do Paul eu teria obtido 0,3% a 0,4% ao mês de rendimentos em locações, enquanto eu cheguei perto de 1% no mercado financeiro, como pode?”
Começo lembrando a profecia que eu traçara: “Quando o sr. colocou o dinheiro no banco há dois anos, ele realmente ganhou da rentabilidade em locações, todavia, somada a rentabilidade ao valor do principal, não alcança a valorização do mercado. Caso o sr. tivesse optado por adquirir um imóvel na época, teria lucrado com a valorização por si só, que sozinha supera a aplicação financeira, fora a rentabilidade em locações”.
Naquele dia, o jurista das grandes lides teve que dar o braço a torcer. A contragosto, autorizou a aquisição do imóvel e, gradualmente, foi investindo em pequenos imóveis para locação, sendo hoje o maior locador da carteira de management da minha agência, e tendo desta forma se aposentado há um ano, e agora se dedica a viajar com a esposa pelo mundo afora.
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