Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

Série traz arte, humor e didatismo na origem de expressões populares

Websérie "Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Populares" explica a origem de 20 expressões populares capixabas em bom-humor e pegada artística

Vitória
Publicado em 07/12/2021 às 16h04
Imagem da websérie
Imagens da websérie "Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Populares". Crédito: Mirabólica Filmes/Divulgação

“Expressões populares são um recurso de linguagem do arco da velha e que não podem ser interpretados ao pé da letra”. É assim que tem início a websérie “Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Populares”, lançada pela Mirabólica Filmes sob a tutela de Tati Rabelo e Rodrigo Linhales. São quatro episódios de cerca de cinco minutos e dois deles já estão disponíveis no instagram da produtora (@mirabolica.filmes).

A série, realizada com recursos da Secult-ES e da Lei Aldir Blanc, conta a origem de diversas expressões populares como “Vai num pé e volta no outro”, “tirar o pai da forca”, “o fim da picada” ou “cuspido e escarrado” - algumas, como a própria “cuspido e escarrado”, parecem piada, mas a explicação é fruto de pesquisa e da curiosidade de Tati e Rodrigo.

"A gente costuma brincar que é possível ter uma conversa inteira só citando ditos populares, afinal no Brasil temos um dito popular pra cada situação. Daí resolvemos pesquisar a origem de alguns que são falados até hoje, atravessando gerações, e percebemos que o assunto dava caldo", revela Tati Rabelo.

A pesquisa foi ampla e até reveladora.  “A gente se surpreendeu demais especialmente porque uma grande parte desses ditos são racistas e cruéis, porém não se percebe o significado porque estão arraigados na nossa sociedade”, analisa Tati, antes de completar: “‘cuspido e escarrado’ deve ter sido o primeiro meme brasileiro (risos)”. Quer saber o porquê? Assista ao vídeo abaixo.

A ideia, segundo Tati, é que o material possa ser usado de fato para fins educacionais e, por isso, eles já planejam parcerias que possam levar a série para escolas da rede estadual de ensino. Além do conteúdo, todo narrado com a voz do “robô” do Google, “Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Populares” ganha força com os grafismos e as ilustrações dos vídeos, que informam com uma linguagem artística, mas ainda assim leve e muito didática. “A gente já criou pensando nas plataformas digitais, por isso a linguagem é bem dinâmica e a estética, híbrida. Já temos um vocabulário visual que evoca símbolos e signos, aí misturamos com alguns grafismos e ícones presentes na virtualidade cotidiana. A voz de robô veio pra dar um tom didático, mas bem-humorado”, pondera a cineasta.

A maioria das 20 expressões, divididas em quatro episódios, são de conhecimento nacional, mas algumas possuem uma regionalidade tanto no uso quanto na origem. A ideia de trazê-los à pauta tem a ver com o reforço da identidade capixaba. “O nosso Estado tem particularidades e o reforço de nossa identidade também vem da língua. Propagar esses saberes locais tem uma potência notável na nossa construção”, explica Tati.

Imagem da websérie
Imagens da websérie "Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Populares". Crédito: Mirabólica Filmes/Divulgação

A mistura do material didático e lúdico à arte faz com que “Pequeno Dicionário Ilustrado de Expressões Populares” dialogue, ainda que de maneira meio torta, com o ótimo videoarte “Bestiário Invisível”, também produzido pela Mirabólica. A assinatura narrativa de de linguagem de Tati e Rodrigo, que também dirigiram clipes de André Prando, A Transe, entre outros, é de fácil identificação.

“Desde o nosso primeiro filme a gente vem construindo, mesmo que inconscientemente, essa identidade. Em todas pesquisas, e durante todo o processo criativo, acabamos acessando essas estéticas que acarretam na construção de um vocabulário visual próprio”, analisa.

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