Análises semanais do setor de imóveis com especialistas da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES), Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-ES) e Sindicato Patronal de Condomínios (Sipces)

Vitória comemora 474 anos sob aplausos e reflexões necessárias

O aniversário de Vitória deve ser um marco para a profunda discussão do seu plano diretor, um debate que deve ser fundamentalmente técnico e responsável ambientalmente

  • Mercado Imobiliário
  • Alexandre Schubert Presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES) e sócio diretor da VTO Polos Empresariais
Vitória
Publicado em 08/09/2025 às 01h58
Atualizado em 08/09/2025 às 04h58
Aniversário de Vitória sugere dedicarmos dois olhares sobre a Capital: um ao passado e outra visão ao futuro. Crédito: Ricardo Medeiros
Aniversário de Vitória sugere dedicarmos dois olhares sobre a Capital: um ao passado e outra visão ao futuro. Crédito: Ricardo Medeiros

Essa data sugere dedicarmos dois olhares sobre a Capital: um ao passado, entendendo os movimentos do tecido urbano como frutos das diversas etapas evolutivas da cadeia econômica; outra visão ao futuro, comprometida com soluções eficientes para o desafio de viabilizar a ocupação mais concentrada e verticalizada.

Sem esse projeto de cidade, Vitória exportará oportunidades e herdará o ônus do envelhecimento empobrecido. Entre a fundação da Vila da Vitória em 1551 e o início do Século XX, 349 anos foram marcados por recursos econômicos incipientes, o que resultou em inexpressiva evolução urbana.

Nos ciclos seguintes, iniciados em 1900, ocorreram políticas de crescimento territorial. Até 1940, Vitória teve a área expandida em cinco vezes. Entre 1940 e 1980 foram executados inúmeros aterros, desde a Av. Capixaba a Enseada do Suá. A parte continental foi ocupada a partir da década de 60 e a bordadura da ilha na região oeste foi desenvolvida a partir da Serafim Derenzi. O movimento mais acentuado da verticalização ocorreu no início desse século.

Visto esse breve histórico, chegamos ao quadro atual: a capital não tem mais área para absorver o crescimento demandado. Limitada pelo Atlântico, a baia e os manguezais, não existe qualquer possibilidade de extensão horizontal da Capital. Outros impedimentos como o cone aeroportuário, maciço central e solos complexos, fazem com que a oferta imobiliária seja extremamente limitada, por consequência, pouco democrática e demasiadamente onerosa.

O aniversário de Vitória deve ser um marco para a profunda discussão do seu Plano Diretor. Um debate que deve ser fundamentalmente técnico e responsável ambientalmente. As argumentações necessitarão ser disruptivas, trazendo à mesa conceitos que permitam construir habitações viáveis e sustentáveis.

As câmaras de discussões precisam ser compostas por profissionais habilitados e por representantes com olhares para o universo social e econômico. O diálogo deve ser democrático, envolvendo transversalmente a sociedade, e qualitativo para alcançar o resultado necessário.

O tema do potencial construtivo é imperioso e a verticalização necessita ser revisitada, permitindo sem outra alternativa, a viabilização da habitação mais democrática. Por fim, e não menos importante, é a tratativa a ser dada ao Centro da Capital. A revitalização é fundamental para que a ocupação se requalifique e reverta o processo de degradação.

As regulações deverão passar por transformações profundas, possibilitando que as iniciativas empreendedoras ofereçam a habitabilidade necessária e adequada a realidade. Vitória é linda. Deveremos permitir que continue sendo bela no futuro.

Alexandre
Alexandre Schubert: "Vitória é linda. Deveremos permitir que continue sendo bela no futuro". Crédito: Divulgação

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Vitória (ES) Mercado imobiliário Pdm Verticalização

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.