Essa data sugere dedicarmos dois olhares sobre a Capital: um ao passado, entendendo os movimentos do tecido urbano como frutos das diversas etapas evolutivas da cadeia econômica; outra visão ao futuro, comprometida com soluções eficientes para o desafio de viabilizar a ocupação mais concentrada e verticalizada.
Sem esse projeto de cidade, Vitória exportará oportunidades e herdará o ônus do envelhecimento empobrecido. Entre a fundação da Vila da Vitória em 1551 e o início do Século XX, 349 anos foram marcados por recursos econômicos incipientes, o que resultou em inexpressiva evolução urbana.
Nos ciclos seguintes, iniciados em 1900, ocorreram políticas de crescimento territorial. Até 1940, Vitória teve a área expandida em cinco vezes. Entre 1940 e 1980 foram executados inúmeros aterros, desde a Av. Capixaba a Enseada do Suá. A parte continental foi ocupada a partir da década de 60 e a bordadura da ilha na região oeste foi desenvolvida a partir da Serafim Derenzi. O movimento mais acentuado da verticalização ocorreu no início desse século.
Visto esse breve histórico, chegamos ao quadro atual: a capital não tem mais área para absorver o crescimento demandado. Limitada pelo Atlântico, a baia e os manguezais, não existe qualquer possibilidade de extensão horizontal da Capital. Outros impedimentos como o cone aeroportuário, maciço central e solos complexos, fazem com que a oferta imobiliária seja extremamente limitada, por consequência, pouco democrática e demasiadamente onerosa.
O aniversário de Vitória deve ser um marco para a profunda discussão do seu Plano Diretor. Um debate que deve ser fundamentalmente técnico e responsável ambientalmente. As argumentações necessitarão ser disruptivas, trazendo à mesa conceitos que permitam construir habitações viáveis e sustentáveis.
As câmaras de discussões precisam ser compostas por profissionais habilitados e por representantes com olhares para o universo social e econômico. O diálogo deve ser democrático, envolvendo transversalmente a sociedade, e qualitativo para alcançar o resultado necessário.
O tema do potencial construtivo é imperioso e a verticalização necessita ser revisitada, permitindo sem outra alternativa, a viabilização da habitação mais democrática. Por fim, e não menos importante, é a tratativa a ser dada ao Centro da Capital. A revitalização é fundamental para que a ocupação se requalifique e reverta o processo de degradação.
As regulações deverão passar por transformações profundas, possibilitando que as iniciativas empreendedoras ofereçam a habitabilidade necessária e adequada a realidade. Vitória é linda. Deveremos permitir que continue sendo bela no futuro.
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