Este é um espaço para falar de Política: notícias, opiniões, bastidores, principalmente do que ocorre no Espírito Santo. A colunista ingressou na Rede Gazeta em 2006, atuou na Rádio CBN Vitória/Gazeta Online e migrou para a editoria de Política de A Gazeta em 2012, em que trabalhou como repórter e editora-adjunta

Os efeitos da gestão da pandemia de Covid-19 nas urnas em 2022

No Espírito Santo, caíram as máscaras, mas nem todas elas

Vitória
Publicado em 08/04/2022 às 02h10
Urna eletrônica ao fundo com itens necessários para votar em 2020: documento com foto, álcool em gel, caneta e máscara.
Kit eleições 2020: documento, álcool em gel, caneta e máscara. Crédito: Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE

O tempo passou e as regras para conter a Covid-19 foram progressivamente afrouxadas, seguindo a queda do número de mortes provocadas pela doença. No Espírito Santo, por exemplo, já não é obrigatório usar máscara, nem mesmo em ambientes fechados.

A determinação, do governador Renato Casagrande (PSB) e do secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, não agradou a todos.

"A pandemia foi acabada. Ela acabou?Não. O vírus foi avisado? Infelizmente, não lê decretos. Mas como o povo está cansado, os políticos resolveram que basta. É ruim fazer campanha com restrições. E o melhor é tirar a pandemia da pauta. Mudar a narrativa. Mas nós nos lembraremos!", escreveu a epidemiologista Ethel Maciel.

É ano de eleição. Em breve, a campanha, com pedidos expressos de voto, vai começar oficialmente.

Nos últimos dois anos o Espírito Santo, felizmente, não seguiu os passos do governo federal e não minimizou os efeitos da pandemia de Covid-19, esforçou-se pela vacinação, incentivou o uso de máscaras e a adoção do distanciamento social. Também abriu leitos extras – fixos e não em hospitais de campanha – para atender os doentes, o que propiciou um ambiente menos catastrófico.

Isso, apesar da pontuação da epidemiologista, poderia ser um ativo a ser utilizado na corrida pelo Palácio Anchieta, mas até que ponto pode ser convertido em votos?

Pela lógica, se a adoção de medidas contra a Covid-19 é algo que poderia atrair a simpatia do eleitor, o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores deveria ser repelido.

Mas as pessoas têm memória curta. Quanto mais amena a pandemia se torna, mais distante ficam as imagens dos hospitais lotados, a falta de oxigênio, os mais de 600 mil mortos, o "todos nós vamos morrer um dia".

Dados de pesquisa Datafolha divulgados no último dia 3 mostram que a reprovação à atuação de Bolsonaro na pandemia caiu: 46% dos entrevistados avaliam como ruim ou péssimo o desempenho do presidente na gestão da crise provocada pelo novo coronavírus. Em setembro, eram 54%.

Os percentuais dizem respeito ao país, não apenas ao Espírito Santo, mas é plausível supor que, por aqui, os ânimos contra o negacionismo também amainaram. Basta notar que mesmo antes da desobrigação do uso de máscaras boa parte da população já as ignorava.

A pandemia, ou a gestão da pandemia, pode não ser um fator crucial na hora de o eleitor decidir em quem votar ou em quem não vai votar de jeito nenhum.

A pauta econômica se impõe, composta, principalmente, pela inflação. Mas há ainda a tentativa, obviamente dos apoiadores de Bolsonaro, de mudar o foco.

A defesa dos "terrivelmente evangélicos", do armamento da população e a fabricação e distribuição de desinformação de toda sorte, notadamente sobre o sistema eleitoral, podem dar a tônica.

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