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Decidida a disputar o Senado, Rose de Freitas busca espaço no MDB

Ex-senadora diz contar com o incentivo do presidente nacional do partido para entrar na corrida, mas no Espírito Santo o cenário é mais complicado

Vitória
Publicado em 30/10/2025 às 18h54
Prefeitos e vice-prefeitos participam de encontro em apoio à reeleição de Renato Casagrande (PSB) e Rose de Freitas (MDB)
Rose de Freitas durante a campanha eleitoral de 2022. Crédito: Helio Filho/Divulgação

A ex-senadora Rose de Freitas (MDB), que não conseguiu se reeleger em 2022, está decidida a disputar o Senado no ano que vem. O martelo não foi batido pelo MDB, que tem outro pré-candidato ao mesmo cargo, o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio. Euclério até já procura outro rumo partidário "para não ter problema" com a ex-senadora.

Rose diz ser incentivada pelo presidente nacional dos emedebistas, Baleia Rossi, a entrar na corrida eleitoral. "Foi uma conversa sobre a importância que o Senado tem e que ele me chamou para ter. Ele é um dos incentivadores, inclusive", contou a ex-parlamentar, nesta quinta-feira (30).

Mas, até agora, o MDB estadual, presidido pelo vice-governador Ricardo Ferraço, não garantiu espaço para Rose disputar. Ricardo, também nesta quinta, preferiu contemporizar e não escolher um lado:

"Nós temos dois pré-candidatos ao Senado: a senadora Rose e o prefeito Euclério Sampaio. Eu espero que o tempo possa nos ajudar nessa coordenação e nessa definição".

Ricardo é pré-candidato ao governo do Espírito Santo e Euclério tornou-se um dos aliados de primeira hora do correligionário neste período pré-eleitoral. O prefeito é anfitrião do vice-governador em eventos públicos realizados em Cariacica que servem, na prática, como tentativa de popularizar o pré-candidato ao Palácio Anchieta.

Na última terça-feira, por exemplo (28), Ricardo e Euclério estiveram lado a lado em uma prestação de contas no bairro Maracanã.

O vice-governador já chamou Euclério de "general" e afirmou que o prefeito "tem estatura até para ser candidato a governador".

Mesmo se Euclério sair do MDB — o destino provável dele é o União Brasil — o forte vínculo com Ricardo deve permanecer.

Assim, Rose corre "por fora", mesmo sendo um quadro histórico do MDB.

"Ricardo é o presidente, mas o partido é composto por membros e diretórios. O partido não tem se reunido, mas vai se reunir no tempo certo. Permaneço no MDB e sou candidata pelo MDB ao Senado Federal", cravou a ex-senadora.

Ela frisou que o plano é apenas o Senado e não concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, algo especulado nos bastidores.

CARGO COMISSIONADO

Desde 2023, a ex-senadora exerce um cargo comissionado na Casa, de forma que não ficou totalmente afastada da política depois do último pleito.

Ela assessorava o então presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e segue como assessora parlamentar, agora de Davi Alcolumbre, que assumiu a presidência da Casa em fevereiro de 2025.

Rose de Freitas votou com Casagrande, Ricardo Ferraço e a primeira suplente Solange Lube
Em 2022, Rose de Freitas votou acompanhada de Renato Casagrande e Ricardo Ferraço. Crédito: Assessoria

Em 2022, apenas uma vaga no Senado estava em disputa em cada estado. Rose disputou a reeleição na coligação de Casagrande e contou com o apoio dele na campanha. Na ocasião, ela, o governador e Ricardo, vice na chapa, estavam no mesmo palanque.

Os três ainda integram o mesmo grupo político, mas a incógnita sobre a corrida pelo Senado permanece.

Pela legislação eleitoral, um partido até pode lançar dois candidatos ao Senado, quando duas vagas estão em disputa, como vai ser o caso de 2026.

Mas o lançamento simultâneo de Euclério e Rose pelo MDB é impraticável porque o partido vai integrar uma coligação com o PSB de Casagrande e o próprio governador também deve ser candidato ao Senado.

Uma coligação não pode lançar três nomes para o mesmo cargo.

Além disso, o MDB já vai ter candidato ao governo estadual, Ricardo. Ter também candidato ao Senado pode ser "pesado", são duas campanhas majoritárias, caras e desafiadoras. Mas é possível.

"Isso já aconteceu em outros momentos da política do Espírito Santo e em outros estados. Não é incomum você ter candidato a governador e um candidato a senador do mesmo partido, tá certo? (...) Pode acontecer de nós termos uma candidatura a governador e uma candidatura a senador? Pode. Pode acontecer de nós construirmos uma engenharia para ampliarmos a política de alianças e ter um candidato a governador, mas não ter um candidato a senador? Pode", resumiu Ricardo, como presidente estadual do partido.

"A política tem um tempo próprio, um calendário próprio. Acredito que, no tempo, essas coisas vão se encaminhar para uma solução", completou.

Voltando a 2022, naquele ano Rose ficou em segundo lugar no pleito, com 747.104 votos (38,17%). O vencedor foi Magno Malta (PL), com 821.189 votos (41,95%).

Em 2014, Rose tornou-se a primeira mulher eleita senadora pelo Espírito Santo. Ela já foi deputada estadual (1983-1987); integrou a Constituinte (1987-1991) e foi deputada federal (2003-2015).

A ex-senadora já integrou o PSDB e o Podemos, mas, majoritariamente, desempenhou a carreira política no MDB.

Agora, tem que angariar espaço dentro do partido.

Sobre Euclério, Rose afirmou que os dois são amigos e preferiu não polemizar:

"Somos amigos. É uma coisa nova, não existia isso (a pré-candidatura de Euclério ao Senado, que ele anunciou no final de agosto), mas vamos decidir isso no seu tempo e na sua hora".

O tempo para partidos definirem candidatos, pela letra fria da lei, é o período de realização de convenções, entre julho e agosto de 2026, mas, politicamente, essa questão deve ser resolvida antes.

A ver.

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