O deputado estadual e ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli anunciou que vai sair do Republicanos e se filiar ao PSD com o objetivo de ser candidato a senador em 2026. Em 2022, ele tinha o mesmo propósito, mas levou uma "rasteira" do próprio partido e teve que se contentar em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. Foi o deputado estadual mais votado da história do Espírito Santo e, assim, "puxou" outros republicanos para a Casa.
O que garante que a história não vai se repetir no ano que vem? O que a maioria das siglas quer, na verdade, é eleger deputados federais, pois é o número de votos recebidos na disputa por cadeiras na Câmara dos Deputados que define o tamanho da fatia do fundo eleitoral e o tempo de exibição no horário eleitoral gratuito de cada legenda.
Meneguelli afirmou à coluna que o presidente estadual do PSD, o prefeito de Colatina, Renzo Vasconcelos, e o ex-governador Paulo Hartung — filiado ao PSD desde maio — lhe garantiram que, na sigla, há espaço para que ele seja candidato a senador.
"Eles prometeram, eles garantiram. Renzo me colocou em uma live com o Kassab (Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD). Renzo me disse que não há objeção no partido à minha candidatura a senador, até agora", contou o deputado estadual.
"Claro, política é como nuvem. Se não der certo, vou cuidar da minha vida, mas só tenho um plano: ser candidato a senador", completou Meneguelli.
Se não puder disputar o Senado, o deputado estadual diz que não vai ser candidato a cargo algum em 2026.
Sérgio Meneguelli (Republicanos)
Deputado estadual
"Se o PSD não quiser me lançar … só não quero passar a mesma humilhação que passei no Republicanos"
A "humilhação" a que ele se refere é a situação de 2022. O Republicanos não deixou Meneguelli ser candidato ao Senado e, em vez disso, lançou Erick Musso ao cargo.
O eleito naquele ano foi Magno Malta (PL). "Eu era o favorito em 2022 e me tiraram para beneficiar Magno", apontou o deputado.
De lá para cá, Meneguelli fez um mandato que podemos considerar tímido na Assembleia, mas certamente tem um potencial capital político, como seus 701 mil seguidores no Instagram indicam (nem todos esses seguidores são eleitores no Espírito Santo).
Esta história poderia ser do "bem contra o mal", ou do "injustiçado em busca de justiça/revanche", mas a política eleitoral, apesar de personalista é, sobretudo, pragmática, ainda que com contornos personalistas.
Não é possível ser "candidato de si mesmo", é preciso apoio político e partidário.
O ENCONTRO
Meneguelli publicou, na última terça-feira (21), um vídeo em que aparece ao lado de Hartung e do ex-secretário da Fazenda de Vitória Aridelmo Teixeira.
No vídeo, Hartung diz ao deputado estadual: "Sou pé-quente. A última vez que esse gesto foi praticado você virou prefeito de Colatina. Vai dar tudo muito certo. Muito bem-vindo, querido".
Ficou subentendido que a entrada de Meneguelli no PSD e a eventual candidatura do parlamentar ao Senado conta com a bênção do ex-governador.
O próprio Meneguelli conta com isso, em termos. "Não sei se vou ter apoio do Paulo Hartung, mas ele vai apoiar o PSD me deixar ser candidato".
Isso quer dizer que o ex-prefeito de Colatina não sabe se Hartung vai pedir votos para ele como candidato ao Senado, mas confia que o ex-governador vai endossar, nos bastidores, o lançamento da candidatura.
Nessa hipótese, o próprio Hartung dificilmente seria candidato ao Senado. Legalmente, um partido pode até pode lançar dois candidatos ao cargo num mesmo estado quando duas vagas estão em disputa, como é o caso de 2026. Mas isso é raro e improvável, considerando o custo de duas campanhas desse porte e a necessidade de ceder espaços a siglas aliadas.
O ex-governador, de qualquer forma, deixa o próprio destino eleitoral em aberto.
No último sábado (18), durante o Pedra Azul Summit, encontro de lideranças empresariais realizado pela Rede Gazeta, por exemplo, o ex-governador foi questionado pelo editor-chefe de A Gazeta e da Rádio CBN Vitória, Geraldo Nascimento, durante uma palestra, se apareceria nas urnas em 2026 como candidato ao governo ou ao Senado. Hartung saiu pela tangente, como sempre: "Espero que (meu nome) apareça no seu coração".
Mas a, coluna desde maio, aposta que o ex-governador não vai ser candidato a nenhum cargo em 2026.
SINAIS, NÃO TÃO FORTES
Ok, mas não passou despercebido o fato de que Hartung não publicou, ou republicou, no Instagram o vídeo postado por Meneguelli.
O ex-governador tampouco concedeu entrevista sobre o assunto, para reafirmar o endosso ao ex-prefeito de Colatina. Renzo Vasconelos também foi procurado pela coluna, mas não deu retormo.
MENEGUELLI COM PAZOLINI
Meneguelli afirrmou à coluna que vai sair do Republicanos na janela partidária, no ano que vem. Nesse período, parlamentares com mandato podem trocar de sigla sem risco de perder o cargo.
"O Erick não me dá a carta de alforria, então vou esperar a janela", contou. Erick Musso é presidente estadual do Republicanos e, de acordo com o deputado estadual, não lhe deu aval para sair do partido sem risco de perder a cadeira na Assembleia.
Mesmo fora do Republicanos, o deputado diz que vai apoiar o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), como candidato ao Palácio Anchieta:
"Pretendo apoiar Pazolini, independentemente (,,,) O PSD, ao que tudo indica, deve ficar com Pazolini".
Em 2021, logo após ser eleito para o primeiro mandato na Prefeitura de Vitória, Pazolini convidou Meneguelli a ser secretário municipal de Cultura, mas a resposta não foi positiva. "Eu não estava atrás de cargo", afirmou Meneguelli.
"Mnha tendência é apoiar Pazolini para o governo. Não sou da base de Casagrande, ele não atende minhas solicitações, ele me ignora.Então não vejo como apoiar o candidato do governador (Ricardo Ferraço)",ressaltou o (por enquanto) republicano.
"Sou de centro. Não sou esquerdista nem direitista", completou.
Na conversa com a coluna, Meneguelli também prometeu, caso concorra ao Senado, que não vai usar dinheiro do fundo eleitoral na campanha. "Quero apenas a garantia da candidatura e o tempo no horário eleitoral".
Anotado.
Correção
27 de outubro de 2025 às 13:14
O texto original desta coluna dizia que, em 2026, cada partido vai poder lançar apenas um candidato ao Senado no Espírito Santo. Na verdade, a legislação eleitoral permite que uma mesma sigla lance até dois candidatos, já que duas vagas de senador vão estar em disputa em cada estado. A informação foi corrigida.
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