Há duas teses, ou leituras diferentes do cenário político-eleitoral do Espírito Santo para 2026. No ano que vem, chega ao fim um ciclo de 23 anos em que o estado teve apenas dois governadores: Paulo Hartung e Renato Casagrande.
A população, a partir de então, vai em busca de renovação? Ou prefere continuidade, segurança?
Ao confirmar o apoio ao vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) como pré-candidato ao Palácio Anchieta, Casagrande defendeu o argumento da "continuidade com aperfeiçoamento".
Ele utilizou a expressão em entrevista à coluna, minutos após Ricardo ter usado as mesmas palavras durante entrevista coletiva.
Questionado a respeito do eventual perfil buscado pelos eleitores em relação ao futuro chefe do Executivo estadual, Casagrande refutou a ideia de que a eleição de 2026 vai ser "geracional".
A percepção de que a população quer um perfil mais jovem ou arrojado à frente do Executivo estadual é forte, por exemplo, entre aliados do prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (PSDB), e do de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).
"As pesquisas têm uma avaliação diferente dessa, mostram que as pessoas querem gente que possa dar segurança, que tenha experiência. A avaliação do governo é muito positiva, então não tem um sentimento de mudança presente", afirmou o governador.
Se a análise dele estiver correta, o cenário favorece Ricardo, um político experiente que, em 1982, aos 19 anos, foi eleito vereador em Cachoeiro de Itapemirim e é filho de outro tradicional homem público capixaba, o prefeito Theodorico Ferraço (PP).
É vice de Casagrande e também já foi de Hartung (2007-2010).
"A sociedade quer continuidade daquilo que a gente conquistou. O sentido de continuidade com aperfeiçoamento é muito mais forte do que o sentido de mudança completa", pontuou o atual governador.
"As pessoas sempre querem alguma coisa a mais; mesmo aquelas que querem continuidade sempre desejam alguma coisa a mais, as pesquisas apontam para isso. O Ricardo tem experiência, conhece o estado, é o governador que vai, de fato, fechar uma transição. Ele se elege governador e fica quatro anos no governo", acrescentou.
"QUATRO ANOS"
"Quatro anos no governo". Esse é um detalhe importante.
Casagrande diz, oficialmente, que ainda não decidiu se vai ou não ser candidato ao Senado no ano que vem. Em caso positivo, vai ter que renunciar ao mandato, o que faria com que Ricardo assumisse o comando do Executivo estadual até dezembro.
Dessa forma, o atual vice passaria a ser o governador de fato e disputaria a reeleição no ano que vem.
Como a legislação eleitoral proíbe mais de uma reeleição, se vitorioso no pleito, Ricardo seria um governador de apenas um mandato, quatro anos.
Ao mencionar esse período, Casagrande já dá a dica do que todos os aliados já dão como certo, que ele vai, sim, concorrer ao Senado.
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