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Cartão corporativo: veja dados que antes eram sigilosos no ES

Detalhamento de despesas foi inserido no Portal da Transparência. Cartão vinculado à Casa Militar é usado para arcar com gastos feitos em viagens do governador

Vitória
Publicado em 21/10/2021 às 15h30
Vista do Palácio Anchieta. Cidade Alta, Vitória. Sede do Governo Estadual.
Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. Dados sobre viagens de governadores foram disponibilizados no Portal da Transparência. Crédito: Rodrigo Gavini

O governo do Espírito Santo, como a coluna registrou, decidiu tornar público o detalhamento dos gastos com o cartão corporativo que fica à disposição da Casa Militar e é utilizado para pagar despesas decorrentes de viagens a trabalho do governador Renato Casagrande (PSB).

Os dados, até quarta-feira (21), eram considerados sigilosos, embora os valores já fossem exibidos no Portal da Transparência.

Nem todas as despesas são do próprio governador, podem dizer respeito a integrantes da Casa Militar, que o acompanham.

Em todo o ano de 2021, o gasto com o cartão corporativo da Casa Militar foi de R$ 4.049,69.

Agora, sabe-se como a verba foi empregada. No site, consta cada vez que o cartão foi usado e em quais estabelecimentos. Na relação, há restaurantes, cafés e papelaria, por exemplo.

Os valores variam de R$ 10,90 a R$ 441,58.

O nome do governador não aparece o responsável pelas despesas porque, de acordo com a Secretaria de Controle e Transparência, o cartão não está vinculado diretamente a ele.

Em 2021, o extrato bancário por meio do qual são extraídos os dados, mostram uma assessora especial como responsável. Em 2020, há também registros em nome de um capitão que atua na Casa Militar. Em 2019, lançamentos têm como responsável ainda uma subtenente da PMES.

O governador do Espírito Santo não recebe diárias, mesmo em viagens oficiais.

COMPARAÇÃO

De 2019 até agora, o gasto com o cartão corporativo da Casa Militar foi de R$ R$ 14.119,03.

Nos três primeiros anos do governo anterior, de Paulo Hartung (então filiado ao MDB) – o período de 2017 a coluna contabilizou também somente até 21 de outubro daquele ano – a cifra foi de R$ 17.507,36.

O detalhamento dos dados, com os nomes dos servidores que utilizaram o cartão e a identificação dos estabelecimentos, começa a aparecer a partir de 2017. De acordo com o secretário da Secont, Edmar Camata, o sistema vai ser atualizado para incluir os anos anteriores assim que os extratos dos cartões forem enviados pelo banco.

RESTAURANTES EM BRASÍLIA

Em 14 de novembro de 2017, no governo Hartung, por exemplo, houve o consumo de R$ 297,55 no Nau Frutos do Mar.

O endereço ou a cidade não são informados, mas há um restaurante com esse nome em Brasília. Rápida busca no Google informa que trata-se de "restaurante sofisticado que serve pratos brasileiros de frutos do mar originais e elaborados".

Não quer dizer que o gasto foi apenas do então governador. O cartão é da Casa Militar.

Em 19 de fevereiro de 2019, já no governo de Casagrande, há o registro de R$ 305,76 despendidos no Piantella. Mais uma vez, o endereço ou a cidade não são informados, mas provavelmente trata-se do famoso restaurante de Brasília, em que normalmente políticos se reuniam e travavam debates relevantes.

O Piantella fechou as portas em 2020. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, foi dono do estabelecimento, por 20 anos, mas já havia passado o ponto.

O restaurante foi cenário de conversas e momentos históricos da política nacional, como a celebração das Diretas Já, em 1984.

Parte dos dados exibidos no Portal da Transparência do governo do ES
Parte dos dados exibidos no Portal da Transparência do governo do ES. Crédito: Reprodução

GASTOS DO CARTÃO DE BOLSONARO SÃO SIGILOSOS

No governo federal, as despesas feitas com o cartão corporativo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) seguem sob sigilo.

Levantamento feito pela Revista Crusoé, em agosto, mostrou que de janeiro até aquele mês os gastos com cartões corporativos destinados ao pagamento de despesas do presidente e de familiares dele bateram recorde: R$ 5,8 milhões.

O valor é o maior para o período desde 2001, quando os cartões passaram a ser utilizados pelo governo federal.

Por determinação da gestão Bolsonaro, todos os gastos do presidente e familiares estão sob sigilo. Dessa forma, não há como saber o que foi comprado com os cartões.

"Eu vou abrir o sigilo do meu cartão. Para vocês tomarem conhecimento quanto gastei de janeiro até o final de julho. Ok, imprensa? Vamos fazer uma matéria legal?", afirmou Bolsonaro, em 2019.

Até agora, nada. Continua o segredo.

Em maio do ano passado, o presidente da República afirmou que mostrar o aumento de gastos com cartão corporativo "é falta de caráter dessa imprensa".

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