A Câmara de Marechal Floriano aprovou, por 10 votos a zero, a instauração de uma Comissão Processante para apurar uma série de denúncias contra o prefeito Lidiney Gobbi (PP). O colegiado tem 90 dias para concluir os trabalhos e, no limite, pode até decidir pelo afastamento do chefe do executivo municipal do cargo, se constatadas as irregularidades apontadas por um morador.
O prefeito, como a coluna divulgou na semana passada, publicou um decreto determinando corte de despesas, proibição de gastos e outras medidas de austeridade na administração municipal. O objetivo, segundo o gestor, é evitar um déficit financeiro nas contas públicas do município.
Na noite desta quarta-feira (5), durante a sessão ordinária do legislativo florianense, foi feita a leitura da denúncia e em seguida realizada a votação em plenário, sendo aprovado o recebimento do documento por unanimidade dos presentes (dos 11 parlamentares da Casa, apenas um estava ausente).
Em seguida, foram sorteados os membros da Comissão Processante, responsável pela apuração dos fatos: Dorivanio Stein (presidente), Chapolim Frasson (secretário) e Diogo da Amar (relator).
A Comissão, de caráter temporário, terá prazo de até 90 dias para conduzir as investigações, garantir o direito de defesa e apresentar relatório final, que poderá resultar no arquivamento do processo ou na cassação do mandato do prefeito, conforme prevê o Decreto-Lei nº 201/1967.
AS DENÚNCIAS APRESENTADAS
Entre os fatos indicados na denúncia e que serão apurados pela Comissão Processante, estão: alterações “sucessivas e inexplicáveis” nas datas constantes nos títulos das publicações oficiais, com processos licitatórios do exercício de 2025 sendo divulgados com anos anteriores, como 1980, 1972 e 2000; possível direcionamento e favorecimento de empresas em processos de compras públicas; falta de transparência nos atos administrativos; e início de obras sem a devida licitação e sem a formalização de contratos.
Integrante da bancada do PP, a mesma do prefeito, o vereador Cezinha Ronchi destacou que Gobbi terá amplo direito de defesa: “A denúncia foi protocolada por um munícipe. Cabe à Câmara Municipal cumprir suas obrigações e o seu dever constitucional, que é investigar, dando oportunidade para ampla defesa, sem julgamentos prévios enquanto não for terminada a apuração”.
O QUE DIZ O PREFEITO
Indagado pela coluna se teme ter seu mandato cassado, o prefeito, que já administrou Marechal entre 2013 e 2016, se defendeu: “Acredito em Deus e na Justiça, nunca fiz nada de errado e não é agora, com 63 anos de idade, que vou fazer”, afirmou. “Eu gosto de gente, não falo mal de ninguém, nunca fiz mal, mas vou avaliar o processo da Câmara”, acrescentou.
Lidiney Gobbi (PP)
Prefeito de Mrechal Floriano
“Não temo ser afastado. Deus me colocou na eleição e não vai me tirar. Minha eleição foi espiritual. Vou usar todas as maldições e transformá-las em bênçãos. Estou tranquilo e despreocupado, embora triste com essa situação. Defendo a política pública, não os politiqueiros e a politicagem”
Gobbi, que diz ter contar com o apoio de quatro dos 11 vereadores de Marechal Floriano, mostrou-se contrariado com a criação da Comissão Processante. “Não havia necessidade de abrir essa comissão, bastava um requerimento com pedido de informações que eu atenderia normalmente.”
Segundo ele, com o processo instaurado, a cidade da Região Serrana capixaba vai ser a grande prejudicada. “O município, que está em crise financeira que nós herdamos, vai parar e ficar difamado. Além disso, terá gastos adicionais com a defesa, com advogados. Por que não fizeram um requerimento?”, questionou o prefeito.
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