Foi uma afirmação surpreendente para um aliado unha e carne de Bolsonaro. O senador capixaba Marcos Do Val (Podemos) admitiu nesta terça-feira (17), durante a CPI da Pandemia, que as declarações do presidente da República nem sempre são confiáveis.
Ele se referia à “informação” passada por Bolsonaro a seus aliados, no cercadinho do Palácio da Alvorada, no dia 7 de junho, de que um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) teria concluído que metade das mortes pela Covid no Brasil, no ano passado, não teriam sido provocadas pela doença, o que foi demonstrado ser mais uma informação falsa do presidente.
“A fala do presidente, a gente não pode levar cem por cento porque já há um histórico da fala do presidente…”, admitiu Do Val, que logo foi interrompido pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que naquele momento comandava os trabalhos da CPI. “Isso aí todos nós sabemos, a fala do presidente a gente não pode levar cem por cento”.
A declaração do senador capixaba aconteceu durante a sessão da CPI que ouviu Alexandre Marques, servidor do TCU que chegou a ser acusado de ter produzido o relatório falso sobre as mortes das vítimas da pandemia no Brasil.
No depoimento do servidor, Marques afirmou que o documento que indicaria um suposto superdimensionamento de mortes pela Covid-19 não é do Tribunal de Contas da União e foi alterado para parecer oficial após chegar às mãos de Bolsonaro.
Como lembrou o senador amapaense, Bolsonaro (sem partido) afirmou, no dia 7 de junho, que estava trazendo, “em primeira mão”, a informação sobre o suposto relatório do TCU, que logo depois foi provado que não existia, o que levou o próprio presidente a admitir que a informação não procedia.
Na internet, a “confissão” de Marcos Do Val teve ampla repercussão. No perfil Desmentindo Bolsonaro no Twitter, que tem 213 mil seguidores, o vídeo com o trecho do diálogo entre os senadores estava com mais de 120 mil visualizações por volta das 20h30 desta terça-feira.
Um internauta, no Twitter, ironizou: “CHEGOU O DIA em que CONCORDAMOS com o senador Marcos do Val. Realmente não podemos levar a sério 100% a palavra do presidente da República”.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), por sua vez, na mesma página também esbanjou ironia: “Que fase! Até os senadores da base concordam que não dá pra levar o chefe deles a sério”.
Depois do sincericídio durante a sessão desta terça da CPI da Pandemia, fica a dúvida: o senador governista Marcos do Val queria mesmo ajudar o presidente Bolsonaro? Cartas (auditáveis) para a redação.
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