Isabela Castello, administradora e designer é apaixonada pelo universo criativo e pela natureza. Escreve sobre criatividade e a economia criativa com ênfase nos conteúdos sobre arte e design autoral.

Vitória respira arte em exposições sobre memória, luto, inclusão social e experimentações

A capital recebeu aberturas que movimentaram tanto o Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo quanto a Galeria Matias Brotas

Publicado em 07/09/2025 às 01h48
Atualizado em 07/09/2025 às 04h48
Expo Re Henri Maes
Exposição "O fim me parece o nascer do sol" traz como tema  temas morte, luto e recomeço. Crédito: Divulgação

O mês de agosto foi intenso para as artes visuais em Vitória. A capital recebeu aberturas que movimentaram tanto o Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes) quanto a Galeria Matias Brotas, reunindo propostas distintas que exploram temas como memória, luto, inclusão social e experimentações da pintura contemporânea. Estive presente em três inaugurações que merecem destaque.

"O fim me parece o nascer do sol''

Nascer do sol

Expo Re Henri Maes
Expo Re Henri Maes. Divulgação
Expo Re Henri Maes
Expo Re Henri Maes. Divulgação
Expo RE Henri Maes
Expo RE Henri Maes. Divulgação
Expo RE Henri Maes
Expo RE Henri Maes
Expo RE Henri Maes

No Maes, a artista plástica e psicanalista Re Henri apresenta sua individual "O fim me parece o nascer do sol", em cartaz até 19 de outubro. A mostra reúne obras produzidas a partir de materiais como espuma, isopor e concreto, explorando os temas da morte, do luto e do recomeço.

Com curadoria de Neusa Mendes, a exposição nasce de experiências pessoais da artista durante a pandemia da Covid-19 e retoma o processo de elaboração da perda de seu pai, em 2015. O amarelo-ouro surge como protagonista visual, simbolizando o sol, a luz e a passagem entre ruína e restauração. O resultado é um conjunto de trabalhos que refletem sobre o fim como possibilidade de início e a dor como abertura para transformações.

"Desvios"

Desvios

Exposição Desvios
Exposição Desvios. Divulação
Exposição Desvios
Exposição Desvios. Divulgação
Exposição Desvios
Exposição Desvios. Divulgação
Exposição Desvios
Exposição Desvios. Divulgação
Exposição Desvios
Exposição Desvios
Exposição Desvios
Exposição Desvios

Também no Maes, a biblioteca recebe a exposição do projeto "Desvios: laboratório de criação em gravura", em cartaz até 17 de outubro. A iniciativa reúne obras produzidas por pessoas em situação de privação de liberdade no regime semiaberto do sistema penitenciário capixaba.

Resultado de um projeto de extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), coordenado pelo professor Rafael Pagatini, com subcoordenação da professora Larissa Zanin, o projeto transforma a gravura em meio de escuta, expressão e elaboração crítica, propondo um espaço de criação artística sensível às experiências de silenciamento e exclusão social.

As oficinas realizadas ao longo do primeiro semestre de 2025 tiveram como eixo central a construção do autorretrato, a partir da pergunta: “como me vejo e como quero ser visto?”. Os participantes elaboraram imagens que reelaboram subjetividades, constroem narrativas pessoais e questionam os estigmas do encarceramento. Ao transformar a gravura em ferramenta de resistência e reconstrução de sentido, "Desvios" afirma o direito à arte como parte essencial da cidadania.

"Banquete para as multidões"

Banquete para as multidões

Arthur Arnold
Arthur Arnold. Divulgação
Arthur Arnold
Arthur Arnold. Divulgação
Arthur Arnold
Arthur Arnold. Divulgação
Arthur Arnold
Arthur Arnold. Divulgação
Arthur Arnold
Arthur Arnold. Divulgação
Arthur Arnold
Arthur Arnold
Arthur Arnold
Arthur Arnold
Arthur Arnold

Já na Galeria Matias Brotas, segue em cartaz, até 30 de setembro, a exposição Banquete para as Multidões, individual do artista carioca Arthur Arnold. Em sua primeira mostra no Espírito Santo, o artista apresenta um trabalho que desafia os limites da pintura ao substituir a tela tradicional pela talagarça - um tecido típico da tapeçaria- e a tinta pela argamassa pigmentada.

Esse contraste entre o peso da argamassa e a leveza translúcida da talagarça gera um efeito vibrante: a tela funciona como uma “cortina”, permitindo que a luz passe e revele camadas ocultas como a parede e os chassis. A mostra estabelece um diálogo entre universos opostos: as multidões urbanas, com sua densidade e imprevisibilidade, e os banquetes familiares, espaços de intimidade e partilha.

Com trajetória reconhecida em instituições como o Museu de Arte do Rio e premiações como o concurso de arte contemporânea do Itamaraty e o Arte Pará, Arthur Arnold traz para Vitória um trabalho de forte dimensão sensorial e simbólica. "Banquete para as Multidões" reafirma o papel da Galeria Matias Brotas em ampliar o diálogo da cena capixaba com a produção contemporânea nacional.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Exposição Arte Maes

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.