Isabela Castello, administradora e designer é apaixonada pelo universo criativo e pela natureza. Escreve sobre criatividade e a economia criativa com ênfase nos conteúdos sobre arte e design autoral.

Um dos mais prestigiados eventos de gravura contemporânea do mundo em exposição no ES

Exposição “Gravuras do Mundo em Crise: Imprimindo Justiça”, no Sesc Glória, reúne 36 obras de artistas de 9 países; esta é a primeira vez que mostra vem para o Brasil

Publicado em 18/12/2025 às 10h53
Atualizado em 18/12/2025 às 10h55
Fernando Gómez Alvarez,  Brasil
Gravura de Fernando Gómez Alvarez, Brasil: exposição fica aberta até 31 de janeiro. Crédito: Divulgação

O Sesc Glória recebe um dos mais prestigiados eventos de gravura contemporânea do mundo, “Gravuras do Mundo em Crise: Imprimindo Justiça”, que chega pela primeira vez ao Brasil, por meio de uma parceria inédita entre o Sistema Fecomércio-ES e o IPEP Índia.

Reunindo 36 obras de artistas de nove países, a exposição traz um potente recorte da gravura contemporânea dedicada a temas como justiça social, direitos humanos, crises ambientais e conflitos globais. Com curadoria de Saad Ghosn e participação do pesquisador e gravurista capixaba Fernando Gómez Alvarez, a mostra, que teve sua abertura no dia 28 de outubro, permanece aberta ao público até 31 de janeiro de 2026, com entrada gratuita.

Obra de Javier Rodriguez, do México
Obra de Javier Rodriguez, do México. Crédito: Divulgação

Mais do que um panorama da arte gráfica mundial, a exposição propõe uma experiência crítica e sensorial. Além das gravuras, o visitante encontra matrizes originais de xilogravura e ensaios assinados por pensadores internacionais como Amrit Kartar e Michel Cassir, que ampliam a reflexão sobre o poder da arte como resistência e transformação social.

Somnath Sarkar, India
Gravura de Somnath Sarkar, da India. Crédito: Divulgação

Dividindo o espaço expositivo, a mostra “Confluências”, também com curadoria de Fernando Gómez Alvarez, apresenta 18 obras de artistas capixabas e brasileiros, de diferentes gerações, criando um diálogo entre a produção local, nacional e a cena internacional. A convivência entre as duas exposições evidencia a vitalidade da gravura no Espírito Santo e a força do território capixaba na construção de debates contemporâneos por meio da arte.

Oficinas e palestras gratuitas sobre gravuras

Sejal Kshirsagar India
Obra de Sejal Kshirsagar, da India, integra exposição inédita no Sesc Glória. Crédito: Divulgação

Complementando o impacto das exposições acima, o Sesc Glória amplia o diálogo com o público por meio de uma programação educativa que reforça o papel da arte como ferramenta de reflexão e transformação social. A instituição promove oficinas e palestras gratuitas que aprofundam os temas apresentados pelas mostras e aproximam os visitantes dos processos criativos da gravura.

As atividades incluem oficinas práticas, que vão de técnicas simples, como carimbos, a processos históricos como a cianotipia, incentivando iniciantes e curiosos a experimentarem a linguagem gráfica.

Reinhardt Ngujo, Philippines
Obra de Reinhardt Ngujo, das Filipinas. Crédito: Divulgação

A programação contempla diferentes faixas etárias, criando um espaço de aprendizado acessível e plural. Já as palestras expandem as discussões presentes nas exposições, abordando território, identidade, gênero, opressões e outras urgências contemporâneas.

Todas as atividades são gratuitas e possuem vagas limitadas, com retirada de ingressos pela plataforma Lets. Mais informações sobre as oficinas e a programação completa podem ser encontradas no link.

Arte para adiar o fim do mundo

Claudia Andujar:
A obra "Balsas ilegais na área Yanomami", de Claudia Andujar integra a série "Consequências do contato". Crédito: Divulgação

Em cartaz na FGV Arte até 21 de março de 2026, a exposição “Adiar o fim do mundo”, com curadoria de Ailton Krenak e Paulo Herkenhoff, propõe uma reflexão profunda sobre os impasses do nosso tempo. Inspirada no pensamento do líder indígena, ambientalista e filósofo Ailton Krenak, a mostra reúne mais de 100 obras e 10 jardins para abordar temas como devastação ambiental, crise climática, colonialismo, racismo estrutural e os conhecimentos dos povos originários.

Obra
Obra "Fundo do Mar", de Adriana Varejão. Crédito: Divulgação

Mais do que uma exposição, trata-se de um manifesto visual. Herkenhoff afirma que não se trata “sobre o fim, mas sobre a continuidade da vida”, compreendendo a arte como um território de insurgência e imaginação capaz de propor novas alianças entre corpo, natureza e espírito. Já Krenak reforça que adiar o fim do mundo é “um exercício de imaginação e de escuta”, um convite para reconhecer que a Terra também sente, sonha e fala — e que a arte pode reencantar essa relação.

Denilson Baniwa:
Obra "A revolta das Jubartes 2023" de Denilson Baniwa. Crédito: Foto: Pedro Agilson

Com obras de nomes como Cildo Meireles, Anna Maria Maiolino, Adriana Varejão, Ernesto Neto, Claudia Andujar, Denilson Baniwa, Jaider Esbell, Berna Reale, Sebastião Salgado, Tunga, entre muitos outros, a coletiva reúne ainda 11 obras comissionadas especialmente para esta edição. O resultado é uma experiência poética e política que transforma a arte em espaço de alerta, afeto e futuro — um gesto de resistência diante da urgência climática e humana que atravessa o planeta.

Arte capixaba na França

Fernando Augusto
Presença de Fernando Augusto Neto presença dele em Marseille retoma um diálogo iniciado em 2018, quando realizou sua primeira individual na mesma galeria. Crédito: Divulgação

A Galeria Art Dialogue, em Marseille, França, celebra seus 30 anos com uma programação especial: três exposições coletivas que reúnem 30 artistas que marcaram sua trajetória. A terceira e última mostra da série — inaugurada em 27 de novembro e em cartaz até 18 de dezembro — conta com a participação do artista capixaba Fernando Augusto Neto, que viajou à França com apoio do Funcultura/Secult-ES para acompanhar a montagem e a abertura da exposição.

O artista apresenta obras da série “Habitar”, composta por pinturas a óleo e desenhos que exploram interiores, cantos de parede, portas e janelas em tons delicados, investigando a relação entre corpo e espaço. É um trabalho que busca estados de serenidade e revela o ambiente doméstico como lugar de encontro entre percepção, memória e imaginação. “Uma casa, como uma casca de noz, pode conter um universo inteiro”, resume o artista.

Fernando Augusto
O artista apresenta obras da série “Habitar”, composta por pinturas a óleo e desenhos . Crédito: Divulgação

A presença dele em Marseille retoma um diálogo iniciado em 2018, quando realizou sua primeira individual na mesma galeria, exibindo desenhos e aquarelas da série “Paisagens Amazônicas”, pesquisa que nasceu de viagens pela região e evoluiu da observação da paisagem para uma reflexão mais profunda sobre natureza e pertencimento. Hoje, as duas linhas de trabalho coexistem: a paisagem que se interioriza e o interior que se torna mundo, tensionando os limites entre ver, habitar e sentir.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Arte Exposição Sesc Glória

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.