A COP30, maior encontro global sobre o clima, transforma Belém no centro das atenções mundiais — e em palco para celebrar a cultura amazônica. Em novembro, todos os caminhos parecem desaguar na capital paraense, onde a arte, a ciência e a ancestralidade se entrelaçam na construção de futuros possíveis.
Mais que debates sobre sustentabilidade, a cidade respira efervescência cultural. Museus, centros históricos e espaços simbólicos da Amazônia abrem suas portas com uma programação especial, que reafirma a força criativa e a diversidade do Norte do Brasil. É um momento para escutar as vozes que nascem da floresta e reconhecer a Amazônia como território de conhecimento e inovação.
A arte tem grande contribuição a dar no debate sobre as questões climáticas, ao ampliar a consciência, ela nos ajuda a ver, sentir e compreender o planeta de outros modos.
Museu das Amazônias: ciência, arte e futuro
Inaugurado em outubro, o Museu das Amazônias, no Porto Futuro II, é um dos equipamentos culturais mais ambiciosos do país. O museu nasceu com a missão de valorizar a identidade e a diversidade da região, reverberando a pluralidade de vozes e saberes que compõem o maior bioma tropical do planeta. O espaço integra ciência, tecnologia e ancestralidade em exposições imersivas, convidando o público a refletir sobre biodiversidade, cultura e sustentabilidade.
Sua comissão curatorial - Francy Baniwa, Joice Ferreira e Helena Lima - reflete a pluralidade de olhares que compõem o projeto. O resultado é uma experiência sensorial e política — um museu que espelha a Amazônia viva, diversa e em movimento.
O museu abriu com duas grandes mostras: “Amazônia”, do fotógrafo Sebastião Salgado, apresentada pela primeira vez no Norte do Brasil. Reunindo cerca de 200 fotografias em preto e branco, resultado de sete anos de expedições pela região, a exposição propõe uma reflexão sobre a preservação da floresta e o papel das comunidades indígenas que nela vivem.
A exposição coletiva “Ajurí” celebra a colaboração e os modos de vida amazônicos. Participam da mostra artistas amazônidas como Carina Horopakó (AM), Evna Moura (PA), Karla Martins (AC), Paulo Desana (AM), PV Dias (PA), Roberta Carvalho (PA), Valdeli Costa (PA) e Will Love (PA), ao lado de nomes de projeção nacional como Estêvão Ciavatta Pantoja (RJ), Gabriel Kozlowski (SP) e Wesley Lee (SP).
O espaço foi idealizado pelo Governo do Pará, com concepção e implementação do IDG - Instituto de Desenvolvimento e Gestão e do Museu Paraense Emílio Goeldi, com apoio da Vale, BNDES, CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe, Vale, Hydro, New Fortress Energy, entre outros parceiros.
Brasil: Terra Indígena — o protagonismo dos povos originários
No coração do Museu Paraense Emílio Goeldi, a exposição “Brasil: Terra Indígena” traz ao público a riqueza cultural de mais de 300 povos indígenas de todo o país. Produzida pelo Instituto Cultural Vale, em parceria com o Centro Cultural Vale Maranhão e o próprio Museu Goeldi, a mostra reúne mais de 2 mil peças — entre cerâmicas, cestarias, indumentárias e fotografias de 45 artistas indígenas.
A curadoria coletiva propõe uma imersão nas cosmovisões dos povos originários e destaca sua contribuição essencial à formação da identidade brasileira e à preservação ambiental. Nas palavras do curador Gabriel Gutierrez, “não haverá futuro sustentável sem os povos indígenas”. A mostra segue aberta até 28 de dezembro, com entrada gratuita.
Museu do Artesanato Paraense (MAP): tradição viva
Durante a COP30, Belém inaugurou um novo espaço dedicado à criação artesanal e à memória cultural da região: o Museu do Artesanato Paraense (MAP), instalado no histórico Espaço São José Liberto.
Aberto especialmente para o período da conferência, o MAP apresenta um panorama vibrante da produção artesanal do estado — uma arte que atravessa gerações e revela a relação íntima entre comunidades e natureza.
O museu reúne criações de todas as regiões do Pará, com exposições, experiências interativas e demonstrações ao vivo de mestres artesãos, aproximando o público do processo criativo.
Da cerâmica marajoara às cuias decoradas, dos trançados em fibras naturais às técnicas ancestrais indígenas, quilombolas e ribeirinhas, o MAP reforça o artesanato como símbolo de identidade, memória e inovação.
“Diversidades Amazônicas”: narrativa museológica em nova versão
No Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a mostra de longa duração “Diversidades Amazônicas” expressa o posicionamento institucional do Goeldi diante das mudanças climáticas e da preservação da biodiversidade.
Além do acervo que faz parte de coleções científicas do Museu Goeldi, “Diversidades amazônicas” tem instalações interativas, proporcionando uma imersão no tempo aos visitantes, que podem conhecer as origens do bioma, há milhares de anos, passeando pela expansão dessa diversidade e chegando ao presente marcado pelos desafios climáticos, de ocupação e preservação da Amazônia.
O percurso reúne pesquisas em arqueologia, linguística, antropologia, zoologia, botânica e paleontologia, articulando ciência, ancestralidade e arte.
No Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), a mostra de longa duração “Diversidades Amazônicas” expressa o posicionamento institucional do Goeldi diante das mudanças climáticas e da preservação da biodiversidade. A exposição tem o patrocínio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o apoio da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Além do acervo que faz parte de coleções científicas do Museu Goeldi, “Diversidades amazônicas” tem instalações interativas, proporcionando uma imersão no tempo aos visitantes, que podem conhecer as origens do bioma, há milhares de anos, passeando pela expansão dessa diversidade e chegando ao presente marcado pelos desafios climáticos, de ocupação e preservação da Amazônia.
O percurso reúne pesquisas em arqueologia, linguística, antropologia, zoologia, botânica e paleontologia, articulando ciência, ancestralidade e arte.
A exposição tem o patrocínio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o apoio da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
2ª Bienal das Amazônias: arte e transformação social
A Bienal das Amazônias reúne mais de 74 artistas da Pan-Amazônia e Caribe, com obras que atravessam territórios, memórias e linguagens nos oito mil metros quadrados do Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA). A Vale, por meio do Instituto Cultural Vale, é patrocinadora desde a primeira edição.
Museu de Arte Urbana de Belém (MAUB): a cidade como galeria
Em sua terceira edição, o MAUB transforma Belém em uma grande galeria de arte urbana a céu aberto. Neste ano, 19 artistas revitalizaram os muros do Parque Zoobotânico — patrimônio de 130 anos — e fachadas do campus de Pesquisa do Museu Goeldi. O resultado é um percurso urbano que celebra a fauna, flora e memória amazônicas. O projeto é patrocinado pela Vale, via Lei Rouanet.
Cultura como legado da COP30
De pequenos ateliês a grandes museus, Belém demonstra que o compromisso com o futuro passa também por fortalecer imaginários.
A COP30 pode ser temporária — mas o movimento cultural que ela impulsiona permanece. Ele planta consciência, honra ancestralidades e aponta caminhos. Porque proteger a Amazônia é também proteger suas linguagens, suas formas de existir e tudo aquilo que ela imagina.
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