Isabela Castello, administradora e designer é apaixonada pelo universo criativo e pela natureza. Escreve sobre criatividade e a economia criativa com ênfase nos conteúdos sobre arte e design autoral.

ArtRio apresenta grande panorama da arte contemporânea brasileira

Arte, arquitetura e design movimentam a cena carioca, com Feira Art Rio, Casacor Rio e abertura de exposição no Museu do Amanhã; veja alguns destaques desses acontecimentos

Publicado em 21/09/2025 às 01h58
Estande Matias Brotas
A galeria Matias Brotas participou pelo décimo ano consecutivo da ArtRio. Crédito: Divulgação

Em sua 15ª edição, a ArtRio, um dos mais importantes movimentos das artes visuais na América Latina, ocupou a Marina da Glória, de 10 a 14 de setembro. O evento reuniu mais de 80 galerias em dois grandes pavilhões – Terra e Mar – além de uma área dedicada à gastronomia e, ao ar livre, o Jardim das Esculturas, com obras selecionadas pela curadora Christiane Laclau. O resultado foi um amplo e vibrante panorama da arte contemporânea brasileira.

O programa Panorama, que reúne galerias já estabelecidas no mercado de arte moderna e contemporânea, teve sua seleção feita por um comitê formado por Alexandre Roesler, Antonia Bergamin, Filipe e Eduardo Masini, Gustavo Rebello, Juliana Cintra e Marcio Botner. Já o programa Brasil Contemporâneo apresentou 10 galerias de diferentes regiões do país, trazendo a diversidade da criação artística nacional.

Para essa seleção, a curadora Paula Borghi se inspirou no tradicional “fazer com as mãos” – artistas que concebem, criam e produzem suas obras de maneira totalmente manual, reforçando a materialidade e a força do gesto artístico. Por fim, o programa Solo Duo, sob curadoria de Ademar Britto, destacou projetos inéditos e exclusivos para a feira, apresentados por uma ou duas vozes artísticas. A proposta é revelar ao público tanto universos singulares quanto possíveis diálogos entre diferentes técnicas e linguagens.

 Espírito Santo marca presença na ArtRio 2025

Estande Matias Brotas

Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas. Divulgação
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas. Divulgação
Estande Matias Brotas

Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas. Divulgação
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas. Divulgação
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas. Divulgação
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas
Estande Matias Brotas

O Parque Cultural Casa do Governador levou à ArtRio 2025 um estande inteiramente pensado para a inclusão, com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual e auditiva. A proposta foi criar uma experiência sensorial que fortalecesse o diálogo entre arte contemporânea, tecnologia, diversidade cultural e sociedade, aproximando o público dos processos criativos e estimulando reflexão, aprendizado e engajamento.

Quatro obras integrantes do acervo foram transformadas em maquetes táteis: Vestígios, de Kyria Oliveira; ICEBERG [Antropobsceno], de Fernando Velázquez; Movimento à Tecnologia, de Natan Dias; e OJIJI, de Siwaju. Além de explorar essas peças por meio de toques e interações, o público também teve a oportunidade de dialogar diretamente com os artistas, ampliando a experiência.

Outra presença capixaba de destaque foi a galeria Matias Brotas, que participou pelo décimo ano consecutivo da feira. Seu estande apresentou um conjunto de obras que atravessam linguagens, suportes e gerações, criando diálogos múltiplos entre diferentes poéticas da arte contemporânea. Entre os artistas representados estavam Adriana Vignoli, Adrianna eu, Antônio Bokel, Francisco Nuk, Hugo Mendes, José Bechara e Raphael Bianco.

Sofisticação, funcionalidade e bem-estar na CasaCor Rio 2025

Esposição de Casa

Esposição  de Casa
Esposição de Casa. Divulgação
Esposição  de Casa
Esposição de Casa. Divulgação
Esposição  de Casa
Esposição de Casa. Divulgação
Estande Matias Brotas
Esposição de Casa. Divulgação
Esposição  de Casa
Esposição de Casa. Divulgação
Esposição  de Casa
Esposição  de Casa
Esposição  de Casa
Esposição  de Casa
Esposição  de Casa

Em sua 34ª edição, a CasaCor Rio retorna ao Fashion Mall, em São Conrado, ocupando três andares do shopping e apresentando 43 ambientes — entre lofts, estúdios e apartamentos — com metragem que varia de 42 m² a 120 m². Considerada o principal palco anual de novidades em arquitetura, interiores e design autoral, a CasaCor Rio é um verdadeiro termômetro de tendências.

Cada detalhe exibido nos ambientes costuma se transformar em objeto de desejo do público, movimentando toda a cadeia criativa e produtiva do setor. A expectativa para 2025 é de um crescimento de 10% em relação à edição anterior, com impacto econômico superior a R$ 13 milhões.

Além disso, o evento gera mais de dois mil empregos diretos e indiretos durante os seis meses de produção, realização e desmontagem, e deve receber cerca de 35 mil visitantes ao longo de sua temporada. No total, são seis mil metros quadrados dedicados ao melhor da arquitetura e do design contemporâneo — um convite para descobrir como viver bem pode caber em espaços menores, desde que habitados pela beleza, pela funcionalidade e pela força criativa de projetos bem pensados.

Plástico vira poesia visual na CasaCor Rio

Elas Tramam

Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam

Elas Tramam

Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam. Divulgação
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam
Elas Tramam

Cores, texturas e movimentos que parecem tapeçarias tradicionais revelam, de perto, uma surpresa: são sacolas plásticas transformadas em arte pelas mãos da artista Zilah Garcia. Após mais de uma década recolhendo resíduos que chegavam às praias, Zilah decidiu dar outro destino a esse material: fios de crochê que se entrelaçam em obras delicadas e potentes.

Na CasaCor Rio 2025, no Fashion Mall, ela apresenta a mostra “Elas Tramam”, no espaço da Artmotiv, com curadoria de Christiane Laclau. Na minha visita à CasaCor , foi justamente essa exposição que mais me impactou. A força poética das tapeçarias de Zilah, que unem delicadeza estética e reflexão ambiental, traduz o que considero o verdadeiro papel da arte: provocar, emocionar e transformar olhares.

Além de ressignificar o plástico, a artista criou uma rede de mulheres que hoje colaboram com a produção, transformando descarte em renda e vínculos. “Cada sacola que recolhi era um lembrete do impacto do nosso consumo. Transformá-las em arte foi minha maneira de dar vida ao que parecia perdido”, afirma Zilah. Mais do que tapeçarias, suas criações são superfícies de poesia visual, capazes de provocar encanto, surpresa e reflexão sobre consumo, descarte e cuidado com o planeta.

Carne da Terra: arte, tecnologia e a urgência de imaginar futuros

Carne da Terra

Carne da Terra
Carne da Terra. Divulgação
Carne da Terra
Carne da Terra. Divulgação
Carne da Terra
Carne da Terra. Divulgação
Carne da Terra
Carne da Terra. Divulgação
Carne da Terra
Carne da Terra
Carne da Terra
Carne da Terra

“Se a Terra é um organismo, a biosfera é a sua pele, a sua carne.” A frase do filósofo Maurice Merleau-Ponty, recuperada por Fábio Scarano no texto curatorial da mostra, abre uma perspectiva potente para pensarmos a exposição Carne da Terra, de Maria Antonia. Scarano observa que, “na biosfera – essa faixa na qual vivo e não-vivo interagem – a fronteira entre o vivo e o não-vivo, entre uma e outra espécie, entre organismo e ambiente é, no mínimo, confusa. Assim, natureza e humanidade são um indivisível e indissolúvel todo.”

É justamente essa interdependência que Carne da Terra evoca em sua experiência imersiva. A exposição é fruto de mais de uma década de investigação de Maria Antonia sobre os limites da pintura e da imagem. Sua pesquisa constrói espaços sensoriais em que o público é chamado não apenas a observar, mas a se colocar dentro da obra.

Para a artista, a história da arte é também a história da construção de imagens: das primeiras marcas rupestres às linguagens digitais, passando pela pintura, pelo cinema e pela cultura pop. Apresentada pela primeira vez no Museu do Amanhã, a instalação reverbera um princípio essencial da instituição: pensar o presente e suas transformações para imaginar futuros possíveis.

Como escreve Fernanda Lopes, curadora da exposição, Carne da Terra não oferece respostas prontas, mas nos coloca diante de perguntas incontornáveis: como habitamos o mundo? Como escutamos a Terra, o outro, o invisível? E, talvez o mais importante: como queremos seguir a partir daqui?

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Arte Exposição Casa Cor

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.