Atrás dos muros do Complexo Penitenciário de Xuri, em Vila Velha, martelos e serras produzem tanto peças de design quanto novas chances de vida. Na Marcenaria Jequitibá, instalada na Unidade 3 da penitenciária, os detentos transformam a madeira apreendida pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) em móveis sustentáveis, como cadeiras, mesas de centro, puffs e poltronas.
A destinação da madeira segue critérios técnicos e legais previstos na legislação ambiental, que considera origem, conservação e viabilidade de uso. Quando não é possível regularizar ou devolver ao proprietário, o material pode ser direcionado para fins de interesse social.
“A decisão de enviar parte desse material para a Marcenaria Jequitibá surgiu da parceria com a Sejus, unindo sustentabilidade e ressocialização. É uma iniciativa estratégica que promove o reaproveitamento de recursos naturais oriundos de ações de fiscalização ambiental e, ao mesmo tempo, contribuir para a capacitação profissional e reintegração social de pessoas privadas da liberdade. Essa solução une proteção ambiental, responsabilidade social e valorização da dignidade humana”, ressalta Leonardo Monteiro, diretor-geral do Idaf.
A marcenaria, que é uma iniciativa da Secretaria de Justiça (Sejus) surgiu em 2017 como forma de se fazer cumprir a Lei de Execução Penal (LEP) que, em seu artigo, estabelece diretrizes que promovem a ressocialização e a reinserção social dos internos dos mais de 1,5 mil estabelecimentos prisionais espalhados pelo Brasil, de acordo com números do Sistema Nacional de Informações Penais (Sinduspen).
Por isso, o trabalho realizado no local garante aos detentos a redução da permanência na prisão: o benefício da remição da pena, previsto na LEP nº 12.433/11, concede a redução de um dia da pena a cada três dias de trabalho.
A escolha dos internos que poderão participar da marcenaria é feita pela Comissão Técnica de Classificação (CTC) da própria unidade prisional. “Consideramos disciplina, histórico de oportunidades, tempo de pena cumprido e aptidão para o trabalho, que avaliamos por meio de entrevistas e conversas para entender o interesse e a capacidade do interno”, destaca o subsecretário de Estado de Ressocialização da Sejus, Marcelo de Araújo Gouvea.
Inclusive, como forma de fomentar a iniciativa, a produção da Marcenaria Jequitibá será comercializada na Feira Espírito Madeira, evento do setor madeireiro. O pagamento das peças será feito via Documento Único de Arrecadação (DUA), o que garante que os recursos arrecadados serão destinados ao fundo estadual.
Além disso, os internos também irão produzir uma peça exclusiva assinada pelo arquiteto José Daher, que será entregue como presente a autoridades e palestrantes na feira, que acontece em Venda Nova do Imigrante, dos dias 11 a 13 de setembro. Vale ressaltar que, além da parceria com o evento, a marcenaria ainda conta com o apoio de instituições como Ifes e Senac.
Gouvea ressalta que o sucesso do projeto é medido tanto pela qualidade dos produtos quanto pela posterior inserção dos detentos no mercado de trabalho. “Queremos que a iniciativa privada identifique, entre os internos que participam dos projetos de marcenaria, homens ressocializados, capacitados e comprometidos. O objetivo é que, ao saírem do sistema prisional, eles possam buscar uma nova trajetória de vida por meio do emprego, do sustento de suas famílias e da reinserção social”, conta.
Para Antonio Nicola, um dos organizadores da Espírito Madeira, a parceria é uma forma de contribuir com esse objetivo e mostrar como diferentes setores podem se articular para promover inclusão, sustentabilidade e dignidade.
“Ao transformar madeira irregular apreendida em produtos de qualidade e, ao mesmo tempo, oferecer novas perspectivas de vida para os internos, o projeto mostra que é possível reescrever histórias com criatividade e propósito”, finaliza.
Setor de móveis e eletrodomésticos sofre maior queda anual entre segmentos do varejo
O setor de móveis e eletrodomésticos apresentou recuo de 0,2% no volume de vendas em julho, segundo a 31ª edição do Índice do Varejo Stone (IVS). No comparativo anual, o segmento registrou a maior queda entre os analisados, com um total de 8%.
O estudo, que acompanha mensalmente a movimentação do varejo no país, também apontou crescimento em cinco dos oito segmentos analisados. Liderou o ranking de alta o setor de Material de Construção, com avanço de 3,8%, seguido por Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (1,2%), Artigos Farmacêuticos (1,1%), Combustíveis e Lubrificantes (0,8%) e Tecidos, Vestuário e Calçados (0,7%).
Em contrapartida, o setor de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria teve queda de 3,6%, enquanto Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo apresentaram estabilidade (0,0%).
No comparativo anual, apenas o setor de Combustíveis e Lubrificantes registrou crescimento, com alta de 1%. Entre os segmentos que tiveram resultados negativos estão: Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (-3,1%), Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (-2,4%), Material de Construção (-1,5%), Tecidos, Vestuário e Calçados (-1%), Artigos Farmacêuticos (-0,2%) e Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (-0,1%).
O Índice de Atividade Econômica Stone Varejo avalia oito segmentos do varejo: artigos farmacêuticos, hipermercados e supermercados, livros e papelaria, móveis e eletrodomésticos, vestuário e calçados, material de construção, combustíveis e lubrificantes, e outros artigos de uso pessoal e doméstico.
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