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O Centro de Vitória e o "egossistema"

Em uma cidade marcada pela absoluta falta de espaço, a indústria imobiliária enxerga um enorme potencial de expansão rumo ao Centro. Mas o que falta para acontecer?

Vitória
Publicado em 25/09/2025 às 03h00
Lojas fechadas da avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória
Lojas fechadas da avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória. Crédito: Carlos Alberto Silva

Em uma cidade marcada pela absoluta falta de espaço, a indústria imobiliária enxerga um enorme potencial de expansão rumo ao Centro de Vitória. Entretanto, alguns obstáculos, na visão do mercado, precisam ser retirados do caminho para que a coisa ande com mais velocidade. Em um debate sobre o tema promovido pelo Lide Espírito Santo, o empresário Wilson Calmon, da CBL e da Nazca, um dos mais respeitados do segmento, disparou:

"São vários os bons projetos sendo desenvolvidos pelo poder público e também pela a iniciativa privada no Centro de Vitória. Mas o que observo, e  há alguns anos que venho analisando o Centro de Vitória, é que as ideias e iniciativas são boas, mas elas são isoladas. Não temos um ecossistema, mas um "egossistema", parece que cada um quer resolver sozinho. Não vai ser assim, precisamos de um agregador de inteligência, uma pessoa ou instituição que converse com todos os agentes que estão tirando do papel várias boas iniciativas. Se a gente conseguisse essa liderança integradora, não tenho a menor dúvida que o salto seria enorme para toda a região".

O empresário foi além. "Eu fico olhando a região da Ilha de Santa Maria, que faz parte desse eixo central de Vitória, e imaginando que está tudo pronto para aquilo ali ser, por exemplo, um alavancador da indústria de tecnologia. Tem galpões, transporte, é bem localizada... Está tudo dado, precisamos de uma liderança integradora de inteligência", detalhou Calmon.

Em uma autocrítica, o empresário Juarez Gustavo Soares, ex-presidente da Associação Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) do Espírito Santo, disse que o mercado imobiliário precisa mudar o olhar e colocar o Centro no radar, enriquecendo o debate junto ao poder público. "Estamos falando de uma região com infraestrutura pronta, boa localização, vida cultural pujante, mas nada se requalifica sem gente, sem moradores. Este é o papel do mercado imobiliário, claro, sempre observando e enriquecendo o debate com o poder público sobre desenvolvimento urbano".

Para Alexandre Schubert, presidente da Ademi, o Plano Diretor Municipal (PDM) da capital precisa ajudar no processo. "O Centro precisa de ações contundentes para ter uma nova vida econômica. Precisa, por exemplo, pensar melhor o PDM. O coeficiente é baixo e o gabarito também, ou seja, as regras inviabilizam economicamente qualquer coisa que se queira fazer ali. Hoje, por exemplo, exige-se garagem em prédios que sejam revitalizados. Onde vamos arrumar espaço no Centro para fazer garagem? É um conjunto de questões, incluindo aí a segurança pública, que precisam ser observadas para que consigamos abrir um novo eixo de expansão imobiliária em Vitória. As condições, e elas são boas, estão dadas, mas precisamos trabalhar".

Há linhas específicas de crédito, na Caixa, por exemplo, para investimentos de revitalização e em prédios tombados. O Minha Casa Minha Vida, programa habitacional do governo federal, possui condições diferenciadas de financiamento para imóveis tombados. O desafio é enfrentar os obstáculos e colocar bons projetos de pé. 

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