
Pelo planejamento do Ministério dos Transportes, a ferrovia que ligará Vitória ao Rio de Janeiro, a EF 118, pomposamente chamada de Arco Ferroviário Sudeste, deve abrir as concessões ferroviárias que o governo federal planeja colocar no mercado a partir de 2026. Trata-se de uma via que conectará dez portos e ligará o sistema ferroviário capixaba (basicamente a Estrada de Ferro Vitória-Minas) com o sistema fluminense, que é muito mais conectado com o resto do país, daí a importância estratégica do investimento para as pretensões capixabas.
A notícia animou o empresariado e o governo do Espírito Santo, mas um detalhe tem chamado atenção. Em princípio, a Vale construiria a primeira parte da estrutura (um trecho de pouco mais de 80 quilômetros entre Santa Leopoldina e Ubu) como contrapartida da renovação antecipada das ferrovias Vitória-Minas e Carajás (Pará e Maranhão). Agora, surge a possibilidade de a mineradora apenas fornecer os recursos, a chamada garantia financeira, para que a concessionária que vencer o leilão de todo Arco Sudeste toque a empreitada.
Tudo muito bom, tudo muito bem. O ponto é que os valores deste primeiro trecho não estão batendo, aliás, estão muito longe de bater. Aí mora a pulga que está atrás da orelha dos capixabas. Em 13 de junho, A Gazeta publicou uma reportagem, assinada pela repórter Letícia Orlandi, mostrando que a Vale, em documento oficial enviado ao Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) dentro dos trâmites de licenciamento ambiental, calculou os custos totais do empreendimento (entre Santa Leopoldina e Ubu) em R$ 7,43 bilhões. O Ministério dos Transportes, por sua vez, estima o investimento em R$ 2,5 bilhões. Uma diferença de nada desprezíveis R$ 4,93 bilhões...
Em março, em evento realizado no Estado, o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Cezar Ribeiro, já tinha tocado nesse ponto. "Não temos os estudos todos em mãos, mas a experiência mostra que uma ferrovia como essa, com o relevo que a região tem, sai por menos de R$ 2 bilhões. Mesmo com a quantidade relevante de desapropriações (mais de 700) a serem feitas. São pouco mais de 80 quilômetros", afirmou na oportunidade.
A distância entre os valores não é pequena. A ver onde essa conversa vai parar.
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