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Em movimento raro, preço do café cai até 51% em seis meses. O que vem por aí?

No início do ano, a saca de conilon bateu em R$ 2.010,00 e a de arábica chegou a R$ 2.645,00. As duas espécies tiveram uma desvalorização de R$ 1 mil por saca

Vitória
Publicado em 18/07/2025 às 03h50
Agronegócio 5.0: Fazenda Três Marias, em Linhares, aposta em tecnologia, como uso de sensores, além de integração floresta, lavoura de café, milho coco, frutas e milho e criação de gado. Negócio é administrado por Leticia Lindenberg
Plantação de café conilon em fazenda de Linhares, no Norte do Espírito Santo. Crédito: Fernando Madeira

O final de 2024 e início de 2025 foram meses de muita euforia no mercado de café. As sacas de arábica e conilon experimentaram máximas históricas no período. Entre o final de janeiro e início de fevereiro, a saca de 60 quilos de conilon tipo 7 bateu em R$ 2.010,00. Na mesma época, o arábica bebida dura foi cotado a R$ 2.645,00. No Sul de Minas Gerais chegou a R$ 3 mil. De lá para cá, as quedas foram vertiginosas. O conilon, em 16 de julho, de acordo com a Cooabriel, estava cotado a R$ 970,00, redução de 51,7% em relação ao topo. O arábica, na cotação do Centro do Comércio de Café de Vitória, marcava R$ 1.700,00, queda de 35,7%. "Estou há 45 anos no comércio de café, nunca vi preços tão elevados e nem uma queda tão forte e rápida como essa", disse à coluna um dos maiores comerciantes de café do Espírito Santo.

E o que aconteceu de lá para cá? Primeiro é importante entender os motivos de o café ter subido tanto. Ao mesmo tempo que a demanda mundial pelo produto vem subindo com consistência, grandes produtores, casos de Vietnã e Indonésia, tiveram quebras seguidas de produção nos últimos anos. Com a procura em alta e a oferta em baixa, houve um choque nos preços do começo da década para cá. Observando os acontecimentos, grandes fundos de investimento do mundo, especializados no mercado de commodities, entraram forte comprando contratos de café nas bolsas. Movimento de bilhões de dólares que empurrou ainda mais, de maneira um tanto quanto artificial, os preços para cima.

Isso tudo durou até os primeiros meses de 2025. As safras de Indonésia e Vietnã (que exportou muito café a preços elevados no primeiro trimestre), fortes no robusta (parente próximo do conilon), estão se recuperando dos anos ruins, embora ainda estejam abaixo das médias históricas, e as da Colômbia e da Etiópia, fortes no arábica, também vão crescer. O Brasil, maior produtor do mundo - relevante no arábica e no conilon -, também deve ter um avanço na safra atual e a expectativa para 2026 é de uma safra superior às 70 milhões de sacas de 2020, claro, se não houver nenhum acidente climático. Portanto, a oferta mundial teve e ainda terá uma importante recomposição da oferta. Analisando tudo isso, os mesmo fundos que entraram forte comprando quando o produto estava em falta, já começaram a se desfazer de suas posições, ajudando a jogar a cotação lá para baixo. Importante dizer que os preços dos contratos de arábica na bolsa de Nova York, apesar das seguidas quedas dos últimos meses, seguem acima dos valores de quando foi iniciado o processo comprador por partes dos fundos.

E para onde vai o preço do café? "Temos uma expectativa de produção muito forte no mundo, o que pode levar os preços mais para baixo. Não podemos esquecer que a demanda mundial segue em alta, com destaque para a China, isso é muito importante. Claro que um acidente climático muda todo o panorama, mas a situação de momento é de um grande volume de produção, ou seja, há um aumento da demanda, mas a oferta deu uma boa ajustada. Conilon a R$ 2 mil e arábica a R$ 3 mil, como vimos, é algo completamente fora da curva", explicou o presidente do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Márcio Cândido Ferreira.  

Apesar da forte desvalorização, conilon e arábica, neste momento, seguem entregando boas margens para o produtor. No caso do conilon, o custo de uma saca fica entre R$ 450 e R$ 600. No do arábica, entre R$ 700 e R$ 800. 

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