Publicado em 25 de maio de 2020 às 21:00
Os senadores aprovaram nesta segunda-feira (25) a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar explicações a respeito das declarações feitas por ele durante reunião ministerial do dia 22 de abril. Por ser convocação, o ministro não poderá faltar.>
Na reunião, que foi tornada pública, o ministro afirmou que, se dependesse dele, colocaria "esses vagabundos todos na cadeia", começando no STF (Supremo Tribunal Federal). >
O vídeo do encontro foi divulgado na sexta-feira (22), por determinação do ministro Celso de Mello, do STF.>
O requerimento de convocação, de autoria da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), foi aprovado em votação simbólica.>
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Weintraub irá participar da sessão virtual do Senado, em data a ser definida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).>
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também apresentou requerimento de convocação de Weintraub , mas pelo de Freitas ter sido protocolado antes, recebeu prioridade na votação.>
"Quero perguntar [ao ministro] quem são os vagabundos que deveriam ser presos", disse a autora do requerimento.>
"Palavras não podem ser em vão. Hoje é isso e amanhã será outra coisa. Agora não é hora de sangrar, é hora de cobrar posturas. Pelo menos nesta Casa ele [ministro] terá de sentar, diante de todos nós, e explicar o que ele quis dizer neste dia", afirmou Rose.>
Ainda não foi marcada a data para a audiência. >
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), pediu que os líderes votassem em conjunto pela convocação.>
"Nós, sabendo nos portar como sabemos, vamos dar um gesto de unidade em favor da educação do Brasil.">
Diante da iminente convocação, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), pediu que os colegas senadores votassem sem paixões.>
No último (24), em entrevista à Globonews, Bezerra defendeu a demissão do ministro. Questionado sobre se demitiria Weintraub, ele respondeu que sim.>
"Com certeza. Acho que a fala foi excessiva. A fala representou uma agressão gratuita, desnecessária, a uma das instituições da República, que é o Supremo Tribunal Federal.">
Aos colegas senadores, Bezerra Coelho disse que a fala do ministro é resultado do que o Brasil está passando.>
"É preciso que possamos deliberar com responsabilidade, e sem paixões políticas. É muito importante destacar que era uma reunião fechada. Tudo que ouvimos na reunião traz uma preocupação com o que o Brasil está passando.">
Bezerra Coelho ainda afirmou que conversou com o presidente Jair Bolsonaro e avisou que dificilmente conseguiria evitar uma convocação no Senado.>
Durante a votação, o líder do governo leu uma nota do presidente da República, divulgada nesta segunda, em que Bolsonaro afirma que nunca interferiu nos trabalhos da Polícia Federal.>
Segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente fez pressões por mudanças na corporação.>
"Mesmo numa reunião privada, não se pode cruzar esses limites. Eu falei ao presidente [Bolsonaro] que haveria uma manifestação forte sobre isso.">
O líder do MDB, Eduardo Braga (AM), defendeu que o posicionamento do Senado precisa ir além da convocação do ministro, mas ser um recado ao governo.>
"Precisamos colocar um freio. Não é cabível continuarmos nesta posição galopante de ataques à democracia. É hora de o Senado convocar esses ministros e dar um recado claro ao Executivo de que é preciso haver limites.">
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